Investimento de dois milhões de euros deverá abrir portas na Bobadela no final do mês de abril.
A dois meses de ser inaugurado, o promotor do futuro museu do Azeite, na Bobadela, António Dias, abriu-nos já as portas daquele que é um dos maiores empreendimentos do género em Portugal. Um sonho de um homem e de uma família, ligada há três décadas à produção e venda de azeite, agora muito perto de ser concretizado.
Não foi em vão que o empresário e proprietário de um dos maiores lagares de azeite da região, António Dias, comprou e colecionou, ao longo dos anos, várias dezenas de peças de antigos lagares de azeite, alguns deles entretanto desmantelados.
A par da azáfama da produção do seu lagar, na Bobadela, o empresário acalentou sempre o sonho de um dia poder vir a construir “uma coisa a sério”, dedicada ao azeite, e fazer um pouco de história sobre o modo de produção daquele precioso líquido e todas as tradições a ele associadas. A ideia ganhou força, e foi a filha do empresário, estudante do curso de turismo da Eptoliva que incentivou ainda mais o pai, concebendo e projetando o edifício, neste caso, o conjunto de edifícios que, representando um ramo de oliveira, forma o conjunto do futuro museu.
Ora, com o formato de folhas de oliveira, ora com o formato de azeitona, quatro dos módulos do museu são nada mais, nada menos que réplicas de antigos lagares de azeite. A visita pode começar ali mesmo, no antigo lagar romano, onde se avista um imponente lagar de varas, e prossegue em duas outras salas, igualmente monumentais, onde os visitantes podem ficar a saber como da água e da azeitona nasce azeite nos antigos lagares de prensa manual e mais recentemente, nos lagares de prensa movidos a eletricidade.
A ideia é serem salas interativas, com explicações em português e em inglês sobre estas autênticas peças de museu, explica a diretora, Laura Quaresma, que aposta num espaço a pensar essencialmente nos públicos mais jovens. “Queremos atrair aqui muitas crianças, começar por trabalhar aquele público infanto juvenil”, refere a responsável, visivelmente empolgada com o projeto.
O espaço está, aliás, preparado para receber o público das escolas, dos mais pequeninos, aos mais velhos, com auditório e espaços expositivos, onde futuramente se irão desenrolar actividades relacionadas com o tema do azeite. O objetivo é que este seja um espaço dinâmico”, diz a diretora, que fala igualmente em atrair outros públicos ao museu, aproveitando o facto deste ser o primeiro espaço do género, pelo menos com a dimensão deste, a ser criado em Portugal.
Com uma área de implantação de 1700 metros quadrados, o espaço reservado ao restaurante, assim como ao bar, com muita luz natural e vistas privilegiadas sobre a cidade de Oliveira e a Serra da Estrela, promete mesmo ser o “ex libris” do novo museu. Obrigatório, além da comida típica da região, vai ser o azeite produzido no lagar ali ao lado. “Aqui não vai entrar outra gordura”, deixa “claro como o azeite”, António Dias, que acredita que o espaço tem tudo para ser um sucesso e uma marca turística forte do concelho que “não tem nada do género que atraia as pessoas”, o ano inteiro.
O facto de estar inserido numa zona que não tem grande olivicultura, também não preocupa o promotor, que lembra que a “azeitona vem cá ter” de todo o lado. Apesar da forte tradição olivicola, Trás- os-Montes e Alentejo, “não têm nenhum espaço sequer semelhante”, faz notar o empresário que tem mesmo dúvidas que na Europa, nomeadamente nos países mediterrânicos, onde há produção de azeite em larga escala, haja um equipamento como este, e sobretudo com as peças raras que este dispõe. “Também sempre disse que a fazer, ou fazia uma coisa em grande ou não valia a pena”, confessa António Dias, que tal como o azeite, promete “vir ao de cima” com um dos projetos mais ambiciosos de sempre no plano turístico em Oliveira do Hospital, casando na perfeição com o destino Bobadela enquanto antiga cidade romana. É caso para dizer também neste caso, que o melhor remédio é mesmo vir…