Vitor Neves – Gestor
O Interior precisa de parar a sangria da perda de pessoas e precisa de convidar pessoas a vir e a ficar e a vir e a voltar.
Tantas vezes já escutei, que até parece ser a evocação resumida de um programa eleitoral: sou daqui, pá!
Alguns, menos cautelosos no controlo do orgulho residencial, sublinham: nunca saí daqui, pá!
As eleições autárquicas de 2021, em muitas paragens do Interior, enunciam que o grande predicado dos candidatos à administração pública do Interior é…ser do Interior!
Do ser daqui, do nunca ter saído daqui e do viver aqui, pode ser um salto curto para a pequenez do ser humano e para o foco no menos nobre da vida dos outros e na maledicência costumeira, reclamando cada um para si o estatuto do poço das virtudes.
Importa dizer, aos que aceitam corajosamente por o nome nas listas, que o Interior precisa muito deles, mas não é por serem daqui, por nunca terem saído daqui ou por viverem aqui.
O Interior precisa muito deles por terem uma ideia, por terem um projeto, por saberem o que querem para a sua terra, o que falta, o que faz falta.
Aliás, um bom manifesto eleitoral podia ser “Não há, pá!”
A causa pública é o palco de excelência para servir os outros. A melhor forma de o fazer, é trabalhar para proporcionar aos outros amanhã o que hoje não há.
A prioridade ao dar respostas ao “Não há, pá!”, não devia permitir ocupar o tempo a denegrir o adversário, a apontar o dedo acusador aos que não fizeram ou com lamentações sobre o passado e o que não se fez.
O passado, passou, nada a fazer. Para fazer, temos o presente e o futuro.
O apagar alíneas do “Não há, pá!” implica cuidar das pessoas.
O Interior precisa de parar a sangria da perda de pessoas e precisa de convidar pessoas a vir e a ficar e a vir e a voltar.
Visitantes que aceitem passar a residentes, ou visitantes que gostem de ser repetentes, não suportam o “Não há, pá!”.
Vamos a um exemplo:
-Em Oliveira do Hospital “Não há, pá!” onde jogar squash, onde jogar padel; “Não há, pá!” um pavilhão com um relvado sintético para uma futebolada com os amigos!!!
Não são faltas que desiludam turistas, mas são exemplos de faltas que dificultam o querer ser residente ou um visitante repetente.
Independentemente da cor política, os candidatos que se dedicarem a apresentar as melhores propostas para o que falta ter e para o que é preciso fazer, “Não há, pá!” grandes dúvidas que será grande o risco de ganharem as eleições.