Os seres humanos fazem avaliações constantemente, mais do que qualquer outro animal. Isto deve-se ao facto de a nossa mente produzir repetidamente avaliações acerca do próprio, dos outros e do mundo que nos rodeia, nomeadamente, “Sou bom o suficiente?”, “Estou em perigo?” e comparações, como por exemplo, “Sou tão bom quanto tu?”, “Sou mais forte do que tu?”.
Estas e outras avaliações e comparações podem ser bastante dolorosas. Ás vezes tentamos “desligá-las”, ou seja, não queremos que estes pensamentos dolorosos ocorram na nossa cabeça, contudo esta tarefa nem sempre é fácil. Será mais simples observar os pensamentos de um modo diferente, ou seja, vê-los como produzidos por uma máquina, em que a mente constitui uma máquina que produz pensamentos. Sabemos que todos nós gostaríamos de “desligar” esta máquina algumas vezes. Mas se a pudéssemos desligar muitas vezes, não detetaríamos ameaças reais, ou seja, seríamos mortos. Posto isto, é claro que não a podemos desligar.
Esta máquina que produz pensamentos, na sua maioria negativos, pode avaliar o eu como não suficientemente bom, pode encontrar problemas e ameaças que não estão presentes. Pode ainda classificar a mente como boa ou má, ás vezes útil ou inútil. Sendo que muitas vezes, quanto mais nos aproximamos de algo que valorizamos, mais rapidamente trabalha esta máquina. Apesar de a máquina ser dolorosa e de não a podermos desligar, há boas notícias: não precisamos de acreditar nas avaliações que esta elabora. Por exemplo, podemos produzir a avaliação “Estou ansioso para dar este discurso” e discursar. Podemos pensar “não sou digno de amor” e desenvolver ações para encontrar o amor. Basta refletir um pouco e com toda a certeza que consegue identificar um momento em que pensou que não conseguia fazer algo, mas ainda assim fez essa ação.
Mariana Guilherme