Quando é que decidiu ser candidato pelo PSD, quando era até uma das pessoas mais próximas do atual presidente da Câmara, eleito pelo PS?
A minha decisão foi tomada em junho de 2020. Antes de mais nada quero saudar a todos os oliveirenses, principalmente aqueles que dedicaram algum do seu tempo a aceder a esta entrevista, é um grande prazer estar aqui e ainda mais nesta casa relativamente à qual eu tenho uma ligação muito forte. Este projeto da Biblioteca Municipal foi iniciado por mim há muitos anos, era presidente da Câmara o eng. Carlos Portugal, e era vereador da cultura o saudoso professor José Ribeiro e foi com o professor José Ribeiro que eu desenvolvi esta ideia e inclusivamente a própria solução arquitetónica de base deste edifício tem o meu cunho pessoal. Portanto fui eu próprio que o desenhei exatamente para poder instruir a candidatura a um fundo que havia na altura disponível do Orçamento de Estado para financiar a dinamização e a criação de bibliotecas municipais e portanto estive, de facto, também na génese, como estive em tantas outras.
Respondendo concretamente à pergunta diria que tudo começou no dia 18 de Junho de 2020 quando eu participei ao José Carlos Alexandrino, presidente da Câmara, numa viagem que fizemos ambos a Lisboa para tentar resolver um problema que ainda hoje está por resolver, relacionado com um proprietário de três parcelas de terreno na zona industrial, que eu lhe comuniquei a minha intenção de poder ser candidato à Câmara Municipal se, do lado dele e do Partido Socialista, se mantivesse a intenção de promoverem, patrocinarem, indicarem, apoiarem uma candidatura do dr. José Francisco Rolo à Câmara Municipal. Não porque tenha qualquer coisa pessoal contra o José Francisco Rolo porque não tenho absolutamente nada, o que eu acho é que o José Francisco Rolo não desenvolveu durante a sua passagem pela Câmara Municipal enquanto vereador de oposição e sobretudo nestes 12 anos enquanto vice-presidente da Câmara a experiência, as competências e os requisitos necessários para poder assumir o cargo de presidente da Câmara que exige de facto uma capacidade de decisão às vezes em frações de segundo, muito elevada, e portanto ele não desenvolveu, ou pelo menos, não me transmitiu a confiança de que pudesse vir a desempenhar esse cargo com bom benefício para os oliveirenses e portanto sempre achei que havia outras soluções e foi exatamente isso que aconteceu, recebi um convite do PSD no sentido de ponderar essa possibilidade, discuti essa possibilidade com a minha família em primeiro lugar, transmiti isso ao José Carlos Alexandrino exatamente no consentimento da lealdade que tinha relativamente a ele, pelas funções que ocupava na Câmara Municipal, e ficou de me dar uma resposta e termos uma conversa passado uns tempos.
Nunca mais me quis falar no assunto a não ser no dia em que me disse que eu tinha de me demitir das minhas funções. Eu recusei demitir-me das funções porque não eram funções de natureza política e portanto a partir desse momento formei a minha decisão de que deveria colocar-me à disposição dos oliveirenses para este desafio e aqui estou com um projeto muito interessante, um projeto muito válido e partilhado por muitas pessoas, como um projeto que tenta responder à generalidade dos problemas que a sociedade oliveirense enfrenta- económicos, sociais, culturais, de desenvolvimento, de coesão territorial, etc, e portanto, cá estou com esta vontade de fazer muito diferente pelo concelho de Oliveira do Hospital.
Mas foi só a partir daí que o presidente da Câmara lhe retirou a confiança?
Claro, começou a partir daí. Eu estive com o Presidente da Câmara Municipal desde o dia em que ele tomou posse no seu primeiro mandato, uma relação primeiro de grande amizade, segundo porque discutimos inclusivamente coisas muito pessoais que eu obviamente nunca partilharei com ninguém – e ele pode fazer com as nossas conversas o que ele entender dentro dos critérios de civilidade que ele tem relativamente a isso – eu nunca farei passar para a praça pública ou para a roda dos meus amigos o teor das conversas pessoais que tive com ele em relação a tantas outras coisas, nomeadamente em relação à opinião que ele tem de determinadas pessoas ou determinados assuntos , que são da nossa reserva e isso eu respeito, pois fui educado a ser assim.
Portanto, quando se diz hoje que havia uma agenda, não, eu só tinha uma agenda, eu só tinha uma agenda que era dar tudo o que tenho, o que consegui construir em mim, quer em termos pessoais quer depois em termos da minha formação académica e de experiência profissional, dar tudo a favor das coisas em que me envolvo e portanto sempre o fiz em todas as coisas em que estive envolvido, e se as coisas dependerem de mim para terem sucesso pois eu faço tudo, nem que não durma, para que elas realmente tenham sucesso. E há realmente tanta coisa neste concelho por onde eu passo todos os dias e vejo: olha mais uma coisa que me tirou umas horas de sono mas cá está e fui eu que a consegui.
Como é que comenta as afirmações do candidato do Chega que afirmou publicamente que a falta de confiança do presidente da Câmara com o Francisco Rodrigues sempre existiu?
Eu ouvi o que o candidato do Chega disse em relação a isso e não posso deixar de manifestar até alguma estranheza pela forma como ele realmente manifestou essas palavras. Ou está a especular ou houve conversas entre ele e o José Carlos Alexandrino que lhe permitiram formar essa conclusão de que realmente já havia da parte do José Carlos Alexandrino uma quantidade de reservas em relação a mim que eu com certeza nunca as percebi.
Sempre tive em relação ao José Carlos Alexandrino uma relação de lealdade, de respeito institucional, sempre soube distinguir o que é que era a minha relação pessoal de amizade com ele fora da Câmara e sempre soube respeitá-lo enquanto presidente da Câmara Municipal e portanto, se ele de facto já manifestava essas reservas em relação a mim, com franqueza nunca percebi, talvez por andar sempre tão empenhado nas obrigações que tinha e nos desafios que tinha para cumprir. Claro que mais tarde também vim a ter outro tipo de testemunhas em relação a isso, houve outras pessoas que também me vieram manifestar essa situação, que me deixaram um bocadinho desgostoso e desiludido relativamente aquilo que parecia ser a amizade dele.
Quando recusa a ideia de ter uma agenda paralela relativamente à sua atuação na Câmara Municipal e portanto preparatória no fundo desta candidatura. Diz que não tinha essa agenda, mas já tinha a ambição de ser presidente da Câmara?
Não, não tinha. Eu tinha realmente uma ambição para desempenhar um cargo político em Oliveira do Hospital quando fui candidato em 2001.Nessa altura, sendo o número dois numa lista candidata à Câmara Municipal com o eng. Manuel da Costa eu sentia dentro de mim uma vontade, era uma vontade natural, eu sentia dentro de mim esse gosto por poder participar politicamente no desempenho de cargos políticos. Entrei nesse processo com um gosto de poder participar, as coisas não correram como eu esperava que pudessem ter acontecido por razões perfeitamente naturais, é a democracia a funcionar e portanto as coisas são como são.
Hoje, com franqueza, não era esta ambição para a minha vida, atingi, do ponto de vista profissional, do ponto de vista de carreira, uma posição que me permitia continuar a fazer aquilo em que eu me sentia verdadeiramente competente. Não reconheço na Câmara Municipal ninguém que seja capaz de fazer aquilo que eu faço, o que eu fazia até há bem pouco tempo de uma forma tão competente como eu, e isso é fruto de um empenhamento muito grande, que foi construído numa enormidade de tempo que eu dediquei a essas funções e portanto sentia-me muito bem nessas funções desde que eu sentisse que o trabalho era continuado, que era protagonizado por quem de facto exercesse as funções autárquicas.
Quando percebi que a situação podia alterar-se para muito pior, com a circunstância de podermos vir a ter um presidente da Câmara que não está suficientemente preparado para esse cargo, evidentemente revi a minha posição. Não que eu quisesse ser candidato, mas porque achei que isto é uma missão que tenho para cumprir e por isso estou aqui de corpo e alma com uma vontade imensa de cumprir essa missão.
“Quando eu digo que José Carlos Alexandrino se acha realmente o dono e usei a caricatura do Don Corleone da Beira Serra é porque de facto o José Carlos Alexandrino foi alimentando ao longo dos últimos anos a ideia de que tudo o que tem que acontecer neste concelho tem que ter um contributo dele, tem que ter a bênção dele, as pessoas têm de lhe pedir um favor e tem que dar a entender às pessoas que foi ele conseguiu fazer, e a maior parte das vezes não tem contributo rigorosamente nenhum, mas ele acha que tem”.
Porque é que vem agora falar de falta de ambiente democrático e de favorecimentos na Câmara Municipal tendo chamado D. Corleone da Beira Serra ao atual presidente da Câmara, quando fez parte da sua equipa?
Se quer encontrar contradições nas minhas palavras também temos de encontrar contradições nas palavras do José Carlos Alexandrino que, durante onze anos viu em mim uma pessoa de total confiança. Confiou em mim para tudo o que de importante acontecia na Câmara Municipal, tinha o meu contributo, a minha opinião e a maior parte das vezes o meu trabalho concreto porque, muitas vezes há muitas opiniões, há muitas manifestações de vontade mas depois quando chegamos a altura concreta da coisa acontecer tinha que haver alguém que fizesse acontecer e normalmente era eu que fazia acontecer. E, portanto se houve sempre essa confiança não se percebe como é que (no dia 23 de Julho de 2020) o senhor presidente da Câmara resolve tomar a decisão de me retirar a confiança política quando eu nem sequer já desempenhava um cargo de confiança política.
Portanto, a primeira contradição não é minha, é dele exatamente por essa situação. Quando eu digo que José Carlos Alexandrino se acha realmente o dono e usei a caricatura do Don Corleone da Beira Serra é porque de facto o José Carlos Alexandrino foi alimentando ao longo dos últimos anos a ideia de que tudo o que tem que acontecer neste concelho tem que ter um contributo dele, tem que ter a bênção dele, as pessoas têm de lhe pedir um favor e tem que dar a entender às pessoas que foi ele conseguiu fazer, e a maior parte das vezes não tem contributo rigorosamente nenhum, mas ele acha que tem. Eu estou-me a lembrar de uma situação, esta coisa de pensar que uma mentira por ser dita imensas vezes passa a ser verdade, nós temos que desmistificar isso.
Não é verdade que tenha havido da parte do José Carlos Alexandrino um contributo decisivo nem sequer relevante para aquilo que ele chama a salvação da ESTGOH. A ESTGOH foi salva exatamente por si própria e pela capacidade que a escola teve, primeiro de ter cursos adaptados à realidade do nosso mercado e depois de ter a capacidade e os protagonistas que tivessem estado na escola porque teve a capacidade de atração de alunos que a conseguiram ir mantendo, numa situação de alguma dúvida existencial, mas depois com uma capacidade de recuperação que hoje podem apresentar com grande força. Ou seja, quando o próprio José Carlos Alexandrino diz que teve um papel fundamental na salvação da escola porque foi ele que salvou a escola dos ataques do governo PSD/CDS-PP é preciso dizer que os ataques do governo PSD/CDS-PP nunca existiram. O que existiu foi uma vontade do então presidente do Instituto Politécnico, Rui Antunes, que se saiba não tem nada a ver nem com o PSD nem com o CDS-PP, é do Partido Socialista, que tinha esta ideia na cabeça dele há muito tempo, desde que iniciou funções como presidente do Instituto Politécnico e depois em Agosto 2011 faz uma proposta para retirar cursos à escola de Oliveira do Hospital e de os levar para Coimbra.
Mas teve de haver pressão política na altura, e houve reuniões políticas ao mais alto nível para segurar esta escola…
Sim, e eu sei quais foram e sei quem foram as outras pessoas que estiveram nessas reuniões políticas para lá do José Carlos Alexandrino, inclusivamente estou-me a lembrar de uma pessoa que o senhor professor José Carlos Alexandrino há-de que viver ainda muitos anos para lhe chegar aos calcanhares em termos de reputação e de currículo político, portanto nesse aspeto é preciso pormos os bois com os devidos nomes e as cartas devidas na mesa.
Quando o senhor José Carlos Alexandrino diz que exerceu influência, ele devia saber sobre quem é que as influências eram exercidas, quem é que estava no governo nessa altura, para que essas influências pudessem ter efeito. Se o governo era PSD/ CDS-PP como é que se pode dizer que foi o governo PSD/CDS-PP que quis acabar com a escola, quando foi através dos membros do governo PSD/CDS-PP que a solução foi encontrada para continuar a manter a escola em Oliveira do Hospital.
Portanto são essas contradições que se vão dizendo partindo do princípio que o povo oliveirense é ignorante, mas o povo oliveirense não é ignorante sabe tomar as decisões na altura certa, sabe recolher informação quando tem que recolher e sabe realmente quais são as decisões que tem de tomar desde que tenha a informação correta e não seja informação deturpada que é aquilo que normalmente se faz.
Quer apontar casos concretos que configurem situações à “D. Corleone”?
Podia estar aqui dois dias, três dias, uma semana a dar exemplos de onde essas situações acontecem, onde de facto o tal papel do Don Corleone se vê de uma forma clara. Vou dar-vos um exemplo, nós temos visto como iniciativa da nossa candidatura adversária, do movimento que aparece com uma quantidade enorme de fotografias de pessoas, de apoiantes etc. São às carradas, como dizia o outro naquele programa de humor que havia na televisão, são às resmas as pessoas que de facto depois nos manifestam que apareceram com a fotografia lá mas que não deram autorização para esse efeito. E portanto basta lembrarmos uma situação tão caricata com esta que é alguém que participou num vídeo de apresentação da nossa candidatura à freguesia de Travanca de Lagos e essa mesma pessoa depois aparece como apoiante do movimento de apoio do nosso adversário em que nem sequer se deram ao trabalho de encontrar uma fotografia, foram fazer um “friz” ao nosso vídeo para recortar a fotografia da própria pessoa, para a colocarem lá como apoiante. Essa pessoa foi questionada e disse que não deu apoio nenhum, mas agora não pode fazer nada porque “eles podem-me fazer algum mal”.
E, portanto, é este o ambiente que nós vivemos em Oliveira do Hospital, as pessoas que foram usadas indecentemente para determinada finalidade e mesmo assim têm medo de se defender porque têm medo de represálias, têm medo de consequências e portanto nós não podemos viver com uma democracia que é feita na base disto, na base do medo, da chantagem, e portanto eu não consigo aceitar uma sociedade que se deixa resignar a esta situação. E estou aqui também com esse objetivo muito concreto de exercer um cargo político, fazer desenvolvimento neste concelho mas de impor os valores que eles tanto apregoam do 25 de abril, da democracia, da igualdade, da fraternidade e por isso, nós estamos cá mesmo para impor isso.
Nos últimos anos, como técnico da autarquia, o Francisco Rodrigues coordenou a área do investimento nas zonas industriais, mas não são conhecidas nem novas empresas, e houve até algumas que tiveram de sair do concelho para concelhos vizinhos por falta de respostas da Câmara, não se sente responsável por isto?
Nada, têm-me identificado sempre como técnico superior da Câmara Municipal, o técnico superior não tem poder de decisão.
Mas coordena estas áreas…
Coordeno, mas numa situação de hierarquias estão bem definidas quais são as funções da Câmara Municipal, quem é o presidente da Câmara, quem é o vice-presidente, quem são os vereadores e quais são os pelouros que estão atribuídos a cada um. A minha missão era dar suporte técnico, ter função de staff como se diz relativamente a essas funções, claro que extravasei muitas vezes essas funções, indo para além daquilo que era essa missão técnica nomeadamente em termos de ajudar a formar opinião de insistir com o cumprimento dos prazos, de insistir com a urgência de que certas coisas se fizessem e inclusivamente de me agarrar ao computador e começar a desenhar coisas porque a Câmara não tinha nenhum projeto para acompanhar uma determinada candidatura e havia um determinado prazo, muito curto, para ser apresentado e era eu próprio que apresentava as soluções arquitetónicas ou de engenharia e inclusivamente de orçamentação que permitissem apresentar projetos e o caso da zona industrial é o mais recente e o mais paradigmático deles todos.
Quando foi aberta a janela de oportunidade para nós apresentarmos uma candidatura que seria ainda apenas de pré-qualificação para a criação de novas áreas de localização empresarial, fui eu próprio que insisti muito que nós devíamos aproveitar aquela oportunidade. Não vi assim um grande entusiasmo por parte dos dois principais responsáveis, presidente da Câmara e vice-presidente da Câmara e, fui eu próprio que desenvolvi a solução arquitetónica pegando no que está previsto no PDM para a área de expansão que já estava prevista no PDM, desenvolvendo a compartimentação do terreno em vários lotes com a questão das infraestruturas que aquela situação precisava, e portanto fui eu que desenvolvi o orçamento que permitiu construir todo o conjunto de documentos que fazem o processo de candidatura que foi apresentado na altura. E portanto, pedirem-me a mim a responsabilidade de instalar empresas, com franqueza, é de facto tentarem desresponsabilizarem-se da sua própria função e da sua própria ambição.
Eu até lhe posso dizer mais, cheguei a estar numa reunião em Lisboa com o vice-presidente da Câmara no AICEP, onde nos foi proporcionada a possibilidade de desenvolvermos mecanismos de promoção da nossa zona industrial e eu nunca fiz nenhuma iniciativa nesse ano porque nós não tínhamos nada para mostrar.
“O José Francisco Rolo não desenvolveu durante a sua passagem pela Câmara Municipal enquanto vereador de oposição e sobretudo nestes 12 anos enquanto vice-presidente da Câmara a experiência, as competências e os requisitos necessários para poder assumir o cargo de presidente da Câmara que exige de facto uma capacidade de decisão às vezes em frações de segundo muito elevada e portanto ele não desenvolveu”
Se for eleito, de que forma é que pretende captar novas empresas?
Há uma coisa que a sociedade portuguesa se habituou a chamar diplomacia económica, ora diplomacia económica é criar uma rede de contactos, portanto eu Francisco Rodrigues conheço algumas pessoas, mas o Francisco Rodrigues não conhece todas as pessoas no país ou da Europa com potencial de captação, de atração para criar investimento em Oliveira do Hospital.
O que nós temos que fazer é usar a nossa força institucional, o Município, a força dos candidatos que nós temos, estou-me a lembrar do Francisco Rodrigues dos Santos nosso primeiro candidato à Assembleia Municipal que tem, nas funções que exerce, um leque de conhecimentos ao nível político, ao nível da Europa, o nível das profissões em que está envolvido que nos permitem criar uma rede de contactos através da qual nós consigamos angariar os tais investidores. A tal vontade de olhar para Oliveira do Hospital como um espaço interessante para fazer investimento e depois nós temos dentro de Oliveira do Hospital uma quantidade grande de empreendedores, e nós sempre fomos uma terra de empreendedores, as nossas indústrias que existiam em Oliveira Hospital eram há 30 ou 40 anos um exemplo para toda a região Centro e portanto, é por aí também que nós temos de trabalhar, é tentar fixar, manter cá os empresários com vontade de se fixar e nós temos sabido nos últimos anos quantos dos nossos empresários acabaram por ter de se deslocar para outros concelhos exatamente porque não encontraram em Oliveira do Hospital a oferta suficiente para acomodar as vontades de investimento que eles tinham.
Tudo isso tem que ser feito de uma forma integrada, nós temos de criar todo um contexto legal regulamentar tributário, todo ele tem que ser criado a favor de um ambiente favorável à criação de empresas, aquilo que podemos dizer o ambiente amigo das empresas e amigo do investimento.
Tem falado muito na articulação com a ESTGOH e a importância desta escola superior para a cidade e para o concelho. O que é defende nesta área e concorda com os novos investimentos que estão a ser feitos na área da educação, nomeadamente o centro educativo?
Obviamente que eu concordo com uma solução que eu próprio defendi logo na altura, se alguém dentro da Câmara Municipal teve a primeira voz no sentido de criar em Oliveira do Hospital uma outra solução que respondesse à carência de espaços escolares exatamente por causa da situação que existe de que os alunos do quarto ano do ensino básico terem que frequentar a escola secundária, os alunos do quarto ano têm de ser tratados no mesmo ciclo de ensino que são tratados os do terceiro os do segundo e os do primeiro, não faz sentido que os alunos tenham que ser precocemente deslocados para um diferente ambiente escolar na Escola sede do Agrupamento de Escolas exatamente por causa da questão da atual escola primária não estar hoje a ter capacidade de resposta a toda a procura que existe de alunos do primeiro ciclo, e portanto eu sou defensor que tinha que haver uma solução, e esta solução talvez seja exagerada, grandiosa, que talvez vá causar um impacto financeiro muito grande na Câmara Municipal, agora se me perguntarem se eu concordo, claro que eu concordo porque todo o investimento que seja para nos tornar mais capazes de responder às necessidades, mais capazes de responder aos problemas, isso é um bom investimento e nós devemos defendê-lo.
Em relação à ESTGOH tenho uma proposta muito clara, a ESTGOH precisa de instalações novas, a ESTGOH tem um objetivo de sobrevivência que é conseguir ter um universo entre os 900 e 1000 alunos que acho que é a dimensão adequada para a escola de Oliveira do Hospital, mas só consegue responder a esse desafio se tiver instalações próprias, primeiro porque tem direito a elas, segundo porque de todas as escolas que foram criadas na altura, todas as outras têm instalações próprias. Porque é que Oliveira do Hospital não tem? Será porque Oliveira do Hospital é diferente? Ou será porque não deram a Oliveira do Hospital a atenção que Oliveira do Hospital merecia? Ou será porque não foram suficientemente reivindicativos para dar a Oliveira do Hospital o mérito e o direito que foi dado às outras localidades.
Nós não deixamos de existir enquanto escola, a escola continua a ter uma vivacidade muito grande, aliás recentemente está a ter cada vez mais capacidade de atração de alunos, está cada vez mais a conseguir fazer um pouco aquilo que nós temos no nosso programa eleitoral que é criar sintonia entre o meio empresarial e o meio científico e académico, conseguir criar cursos que se adaptem às necessidades do nosso meio empresarial, portanto nós defendemos a criação de instalações próprias, novas para a ESTGOH e faremos tudo, venha o dinheiro de onde vier, agora nunca farei uma promessa do género “vocês têm aqui uma boa ideia mas arranjem lá o dinheiro porque nós não vamos financiar isto” foi isto que os senhores ministros vieram fazer a Oliveira do Hospital no dia que vieram visitar a ESTGOH, vieram cá fazer uma visita à escola, vieram cá dizer que é muito interessante a ideia que está provisoriamente de transferir a escola para as instalações da escola primária mas não vieram cá fazer nenhum compromisso em termos de financiamento, portanto não vieram cá adiantar financeiramente rigorosamente nada, portanto vieram cá fazer uma bênção a uma ideia que não tem pernas para andar porque não tem solução portanto pensar na ESTGOH instalada apenas nas atuais instalações do primeiro ciclo e pré escolar que existem no meio da cidade, isso não é uma solução.
E em relação à saúde, o que propõe?
Em relação à saúde quero para já associar-me a todas as pessoas que sentem esta ansiedade relativamente ao estado da saúde em Oliveira do Hospital neste momento. O que nós vimos foi que o serviço de atendimento permanente deixou de existir no seu espaço natural, o centro de saúde de Oliveira do Hospital, portanto a solução é fazer no fundo aquilo que existe em todos os concelhos que nos rodeiam, apesar de não ser uma área que dependa da Câmara Municipal, porém a Câmara Municipal pode ser mobilizadora de suporte para atribuir ao centro de saúde a possibilidade de elevar o estatuto para unidade de saúde familiar , e muda muita coisa, parecendo que não muda nada, mas muda muita coisa.
Agora nós não podemos pensar na saúde apenas como um serviço público. Nós temos em Oliveira do Hospital uma Fundação (FAAD) que sendo bem aproveitada e sendo gerida para aquilo que realmente interessa que é o interesse coletivo, o interesse público, conseguimos encontrar em Oliveira do Hospital a resposta que é necessária para a saúde. Nós hoje temos a Fundação Aurélio Amaro Diniz a cobrir aquela parte da resposta que deixou de existir no centro de saúde, mas temos que reforçar essa capacidade de resposta e temos que ver até que ponto a FAAD está ou não em condições de continuar a criar uma resposta que de facto cumpre os seus objetivos e portanto não vou aqui fazer ressonância de uma série de opiniões que me foram transmitidas relativamente ao modo de como esse serviço neste momento funciona, não interessa, estão em causa várias pessoas, interessa é que no final, depois das eleições, na minha qualidade de presidente da Câmara, será das primeiras coisas em que me empenharei, é perceber até que ponto é que a resposta que nós precisamos na área da saúde passa ou não pela FAAD ou passa pelo centro de saúde e portanto, cá estaremos para encontrar a solução.
Que resultado é que espera alcançar nas eleições do próximo dia 26? Se perder as eleições, assume o seu lugar na vereação?
Eu respondo primeiro à segunda parte da pergunta dizendo que nunca fugi a nada e portanto esse cenário que eu não coloco nas atuais eleições, nunca será motivo para eu deixar de exercer as minhas funções na Câmara Municipal. Seja qual for o nível de confiança que os oliveirenses me queiram colocar, o reflexo que eu tenho tido de todos os contactos que andamos há meses a fazer, a forma como formámos as nossas listas para as freguesias, a forma como o apoio tem sido dado, permite-me alimentar uma forte esperança numa grande vitória nas próximas eleições. E não é apenas uma situação de retórica, é de facto o resultado dessa confiança que me é transmitida, eu sei que o ambiente que tem sido transmitido é “nos vamos ganhar, temos o poder todo” – eles até usam a expressão “controlamos”, como se isto fosse noutros tempos anteriores à minha infância que de facto as pessoas controlavam tudo.
Mas, portanto, há um bocado essa retórica que controlamos e temos isto dominado, mas não, nós temos uma confiança muito grande que vamos ganhar as eleições, e porque é lá, na reserva da cabine de voto que as pessoas formam a sua opinião completamente livre, informados com toda a construção de opinião que foram fazendo ao longo do tempo e nesse dia estarão livres e não terão lá ninguém a pressionar, não terão lá nenhumas mensagens no telemóvel a fazer ameaças e chantagens , portanto nesse dia de certeza absoluta que as pessoas saberão o que querem escolher para o seu futuro, para si, para os seus filhos, e sobretudo para os seus netos. O que nós fizermos nos próximos quatro anos pode ser determinante para o modo de vida dos seus filhos daqui a quatro anos, daqui a oito anos, daqui a dez anos, daqui a vinte anos, etc. E portanto é nesse espírito que eu estou, que é não fazer coisas para me tornar presidente outra vez daqui a quatro anos, não tenho essa ambição, é fazer coisas que de facto marquem a vida das pessoas daqui a alguns anos, esse é o meu objetivo.