Vitor Neves – Gestor
É isto: o Interior que se “desTAP”, que mostre ao mundo os efeitos do fogo e agora da doença, que grite como valente pouco manso, o quanto é imprescindível para o País ser Inteiro, que faça contas e reclame os milhões que precisa para…voar!
A A25 é uma estrada cravada em assombrosas paisagens, com postais indizíveis de nascer e por do sol, que se transformam com as estações do ano, em sublinhados de pintura que nos inquietam a alma, tanta é a beleza.
É nestes cenários, que o pensamento e as reflexões sobre o Interior, muitas vezes fazem curva e contra-curva. O entusiasmo do pensamento sobre o futuro do Interior, por vezes, quase para, tal como algumas das viagens, quando o nevoeiro das Talhadas obriga a viatura a seguir a pé-ante-pé.
A estrada que alargou de IP5 para A25, aproximou o mar à serra. E como Portugal ainda tem menos largura que altura, quase não se percebe a razão da definição de Interior – talvez seja só isso, uma definição – tão instante é o instante necessário para do mar subir a montanha, ou da montanha mergulhar no mar.
O Interior em 2017 ardeu. Em 2020 adoeceu.
Caramba, em tão pouco tempo é muito. É muito, para uma região que já sofria de uma longa doença de perda de geração de riqueza, de envelhecimento e de despovoamento.
Os do Interior são valentes, mas mansos.
E o ser assim é bom, não ajuda a levantar voo.
Foi em plena A25, sob uma imagem deslumbrante de um céu que nos convidada a voar, que dei com o pensamento a sentar o Interior no avião da TAP, a nossa companhia aérea que, para continuar a voar, precisa de milhões para pagar o custo da doença que quase a matou e mais milhões para investir no levantar para o futuro…e voar.
É isto: o Interior que se “desTAP”, que mostre ao mundo os efeitos do fogo e agora da doença, que grite como valente pouco manso, o quanto é imprescindível para o País ser Inteiro, que faça contas e reclame os milhões que precisa para…voar!
E se no caso TAP talvez seja discutível o ter despachado os privados, que seja claro que no interior do Interior tem de prevalecer o interesse coletivo e não o interesse privado e pequenino de alguns pseudo-senhorios, que se “assustam” com a turbulência de ver o Interior a voar.
O risco do desTAPar é ver-se tudo.
Se o Tudo forem Todos, de uma vez e a uma só voz, talvez possa a vir a ser melhor e mais seguro, o voar do Interior que o da TAP.
ps: que a prenda deste Natal seja o fim da Pandemia. Assim sendo, será um Feliz Natal para Todos!