Numa entrevista conjunta Jornal Folha do Centro/ Centro TV o cabeça de lista do Chega à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, António José Cardoso, fala nos objetivos da sua candidatura e traça como meta a eleição de um vereador à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, nas eleições do próximo dia 26 de setembro. Caustico em relação aos adversários, o candidato do Chega diz que quer inverter o ciclo de “delapidação” do tecido empresarial do concelho, apostando na recuperação da indústria tradicional das confeções e na fixação dos jovens no concelho.
O que é que o leva a encabeçar uma lista à Câmara Municipal, quando tem atualmente a sua vida profissional fora do concelho?
-Há doze anos que trabalho fora do concelho, na indústria têxtil e na indústria automóvel, mas mantenho a minha ligação ao concelho. Sou natural de Gavinhos e resido em Aldeia de Nogueira. Mas gostaria de falar da minha passagem pela Câmara Municipal. Em 2013 eu estava a trabalhar em S. João da Madeira e sou convidado pelo prof. José Carlos Alexandrino para vir trabalhar para o Município e não aceitei porque estava a trabalhar. Em 2015, eu estou desempregado e é-me proposto fazer um POC na Câmara Municipal, com funções na direção operacional a nível do estaleiro, com funções de gestão do pessoal que é algo que eu estou habituado a fazer.
E em 2012, o prof. José Carlos Alexandrino já manifestava desconfiança em relação ao dr. Francisco Rodrigues, acho estranho aquilo que vem agora a público, é até um bocado anedótico, porque isso já existia na altura. O prof. José Carlos Alexandrino disse-me claramente o que pretendia, na altura, que era retirar funções ao dr. Francisco Rodrigues, ao fim e ao cabo, toda a parte operacional do Município, a gestão do dia a dia do Município queria que fosse retirada do dr. Francisco Rodrigues porque já não confiava nele em 2012/13, portanto isto para mim não é nada de novo.
Ao fim de quatro dias eu sou colocado em casa durante quatro meses, pagaram-me sempre, disso não há dúvidas, o que se alega é que o contrato foi mal redigido e o responsável pela má redação desse contrato chama-se Francisco Rodrigues. É a única pessoa que eu responsabilizo por essa história mal contada. Mas o prof José Carlos Alexandrino é o líder, e tem também responsabilidades sobre tudo isto. Ele não se portou corretamente e o Francisco Rodrigues também não. Vá-se lá saber porquê, aquilo que veio agora a público da confiança, falta de confiança, falta de lealdade, confiança já não existe desde o primeiro minuto. O Francisco Rodrigues fez parte da equipa do prof. José Carlos Alexandrino, que precisou dele inicialmente e depois quis descartá-lo. É uma falta de ética e de respeito pelas pessoas, mas o Francisco Rodrigues também se pôs a jeito. Em relação ao Francisco Rodrigues também não lhe revejo competências para ser presidente da Câmara. Profissionalmente não lhe revejo características.
Porque é que diz isso?
É muito simples: nós no mundo empresarial – eu lidero cerca de mil pessoas diariamente- nós não trabalhamos sozinhos. Trabalhamos numa equipa. O Francisco Rodrigues vem a publico dizer “eu fiz, eu liderei”, mas não fez nada, ele trabalha numa equipa, ele se quer ser um líder tem de dizer “nós fizemos”. Alguém que quer ser presidente da Câmara e vem a público dizer “eu, eu, eu”, isso é a antítese do que nos ensinaram do que é ser um líder. O dr Francisco Rodrigues é o exemplo da falta de capacidade de liderança e que acima dele tinha uma pessoa que se dizia um líder nato, mas de líder nato não tem nada.
Foi essa a razão porque se distanciou do PS?
Eu sou candidato do Chega e venho do PS, não escondo isso, como há pessoas quem vêm do PSD, do CDS. Eu desfiliei-me do PS em 2009 porque havia pessoas, que são presidentes de Junta, são membros da Assembleia Municipal dentro do PS que têm comportamentos muito pouco próprios e pouco idóneos e deviam ser expulsos. Das duas uma: ou saiam eles ou saía eu, saí eu, siga. Entretanto toda a gente sabe e conhece a minha vida no associativismo, seis anos de treinador de camadas jovens, etc, conheço bem essa gente toda. Lamento o candidato José Francisco Rolo vir dizer numa entrevista que não me conhece. É uma tremenda falta de respeito. Conhece-me de dentro do PS, conhece-me do associativismo, não conhece o meu currículo?. se quiser eu envio-lho. É uma pessoa que não está preparada para ser presidente da Câmara. É uma pessoa que esteve 20 anos a preparar-se para ser presidente da Câmara, alguém precisa de 20 anos para se preparar para ser presidente de uma Câmara? As pessoas ou têm ou não têm capacidade. O Francisco Rolo e o Francisco Rodrigues não têm essa capacidade.
Então qual é o seu projeto é que tem para o concelho?
O Chega ou o André Ventura teve o melhor resultado do distrito de Coimbra no concelho de Oliveira do Hospital, isso quer dizer alguma coisa, quer dizer alguma insatisfação. Nós temos sentido isso, conseguimos fazer listas, temos pessoas e conseguimos isso em três meses. Nós não tivemos quatro anos para fazer listas.
E são esses resultados que impulsionam a sua candidatura?
Sem dúvida nenhuma. E também é algo que eu sempre quis. Acho que reúno imensas capacidades, é a altura certa, penso que sou o mais novo de todos os candidatos e penso que há um projeto para Oliveira que assenta essencialmente naquilo que custa neste momento a todos nós que é ver delapidar toda a área empresarial do concelho.
Mas ainda em relação aquilo que foram os resultados do Chega nas Presidenciais. Acha que tem condições para obter os mesmos resultados nas autárquicas?
Eu entendo que é um indicador. O Chega neste momento tem uma face visível que se chama Tó Zé Cardoso, mas também o nosso candidato à Assembleia Municipal, o José Carlos Nogueira, e o Igor que é o nosso responsável financeiro. O Chega tem uma equipa, tem uma sede, tem pessoas de diversas áreas, eu neste momento também faço parte da Comissão de Economia e Trabalho do Chega. O nosso objetivo neste momento é claro: é entrar no executivo da Câmara Municipal e eleger pelo menos um vereador. É esse o nosso objetivo e não o escondemos desde o primeiro minuto. É termos representatividade na Assembleia Municipal, é termos representatividade nas Juntas onde vamos. Vamos concorrer a quatro Juntas de Freguesia: Bobadela, Santa Ovaia e Vila Pouca da Beira, Ervedal e Vila Franca da Beira e Oliveira do Hospital e S. Paio de Gramaços. poderíamos ter concorrido noutras Juntas de Freguesia, mas entendemos não ter condições para o fazer. Há uma coisa que é importante perceber, penso que o candidato da CDU já o disse numa entrevista, que são as ameaças feitas às pessoas. Isto existe em Oliveira do Hospital.
Quem é que faz essas ameaças?
São membros do PS e do PSD que ameaçam retaliar para as pessoas não irem nas listas do Chega. Eu já o senti na pele, estar em casa de uma pessoa para assinar para ir nas nossas listas e estar o presidente da Junta a ligar e a tentar coagir a pessoa para que não assinasse pela nossa lista.
Não é um objetivo demasiado ambicioso a eleição de um vereador?
Aceite-se ou não se aceite, o Chega é hoje a terceira força política do concelho. Há indicadores que nos dizem isso, há muita gente que nós temos a certeza que vai votar no Chega. Não aparece em público a dizer que vai votar no Chega, mas vai votar. Temos essa noção. Quando falava há pouco das Juntas de Freguesia, nós não apresentamos listas a mais Juntas porque entendemos que não tinhamos gente suficiente, mas às freguesias onde vamos, vamos com ambições, inclusive nalguns casos de ganhar a Junta de Freguesia. Mesmo no caso da cidade, temos uma lista muito interessante, encabeçada pelo Pedro Cruz, eu costumo dizer, em tom de brincadeira que já me sinto “a mais”, porque temos uma faixa etária de apoiantes entre os 20 e os 30 anos. Temos muito jovens e listas muito jovens, na faixa etária dos 30, isso faz-nos acreditar que o Chega vai ter futuro e vai ter continuidade em Oliveira do Hospital.
Porque é que acha que os jovens estão a aderir ao projeto?
Porque não têm expectativas de futuro. Não vêem futuro em Oliveira do Hospital se não houver uma mudança rápida. O Dr. Francisco Rolo dizia numa entrevista que Oliveira do Hospital ganha todos os anos cerca de 300 novos residentes (estudantes da ESTGOH) e eu respondo-lhe que perde todos os anos 400. São os 300 da ESTGOH que acabam o curso e não ficam cá, mais os 100 que vão estudar para fora e já não regressam. É preciso perceber que em 150 anos de censos, o concelho de Oliveira nunca perdeu tanta população como nos últimos 10 anos. É necessário mais e melhor indicador para se perceber que as pessoas se vão embora. Alguém me perguntou porque é que eu há 12 anos trabalho fora do concelho? Porque é que estou no meio industrial do Norte? Eu como muitos.
Eu sou responsável pela manutenção de 200 postos de trabalho no têxtil em Oliveira, não sei se as pessoas sabem disso, e há um ano atrás era responsável pela manutenção de mil postos de trabalho, através do grupo que represento. Quando alguém vem dizer que devemos abandonar as indústrias tradicionais, completamente errado, o têxtil cresceu 17% no 1º semestre deste ano. Temos uma zona industrial parada e uma desocupada e agora querem criar mais lotes, eu queria que me falassem em número de postos de trabalho, não é em lotes. O indicador do desemprego mede-se pelo número de postos de trabalho que é criado. Alguém me perguntou o que é que se passou em 2016/17 para não ser instalada uma nova unidade industrial em Seixo da Beira? Eu fui o responsável por essa instalação em Canas de Senhorim, foi público. Essa unidade poderia ter sido instalada no Seixo da Beira. Mas na altura o sr. presidente da Câmara veio dizer que essa indústria que produzia para a indústria automóvel, viria destabilizar o concelho, só porque pagava mais… ora isto é a antítese de tudo o que é normal. Uma indústria que trabalha para a Autoeuropa e não quiseram?
E a quantidade de pessoas, de contactos do AICEP que eu lhes apresentei e nada?! Essas pessoas podem voltar. Perceber que o mais importante é atrair, ter a capacidade de sair daqui, de falar com empresários, com investidores. Porque criar lotes, podem ficar vazios…
É isso que pretende fazer se for eleito?
Nós pretendemos criar um posto de trabalho por dia. Quatro anos são 1500 dias, sensivelmente, portanto seriam 1500 postos de trabalho. Em 12 anos eu criei 1600 postos de trabalho. O principal empregador do concelho em 2009/ 2010, fui eu um dos responsáveis por manter a trabalhar, fora do concelho. Há 20 anos vinham pessoas de outros concelhos trabalhar para Oliveira do Hospital trabalhar, agora é ver o comboio às 5 horas da manhã de segunda feira e ver quantas pessoas vão trabalhar para fora. É isto que nós queremos? O que nós queremos é fixar pessoas, é criar emprego de qualidade, acabar com a “subsidio dependência”, o RSI.
Os grandes políticos e as grandes oportunidades é na saída das grandes catástrofes que se vêem. Porque não criar um viveiro municipal para a reflorestação do concelho, quantos postos de trabalho criava?… uma serie deles. A reflorestação está parada, não aproveitámos o que fizemos de bem: o cadastro da propriedade. Demos alguma utilidade a isso? Não. Porque não há planeamento. Devíamos aproveitar as oportunidades e criar emprego. Ninguém é estável se não tiver emprego.
Um dos polos que pode contribuir para fixar população é a ESTGOH? O que é que propõem nesta área?
A ESTGOH tal como está, não é modelo nenhum. Há muitos alunos que vêm para Oliveira a pensar que vão para Coimbra. Ainda há pouco tempo estive num local, em Famalicão, em que a escola superior que lá existe ouviu as empresas e pergunta o que estas precisam. Aqui, alguém ouviu alguém? Os cursos estão formatados para manter os mesmos professores e não estão preocupados com as necessidades do meio empresarial. A escola tem de formar aquilo que faz falta ao tecido empresarial local, mas eles não querem saber disso, não estão preocupados. A ESTGOH, de uma vez por todas, tem de dar o salto e ter instalações novas. A criação do novo centro escolar parece-me despropositada, da forma como nos foi apresentada, o prof. José Carlos Alexandrino era contra os mega agrupamentos e agora é a favor dos centros escolares. Muda de opinião muito rapidamente.
Não aceito é que se ande há 11 anos para mudar o amianto na escola. O meu filho entrou na escola e saiu da escola, e o amianto continua lá. Há quanto tempo dura aquela obra?
Casa da Cultura, há tanto tempo que dura a obra? Centro Histórico de Oliveira há quanto tempo se ouve falar naquela obra, e só houve verbas agora, estiveram 12 anos para fazer uma candidatura e só trabalharam no último ano?
A Câmara precisa de planeamento. Tem bons técnicos, mas não tem liderança. Tem aquilo que designo de parasitas, de “boys” do partido, que recebem ordenados de mais de mil euros e nada acrescentam. É gente que está a mais.
Nós queremos criar um gabinete de apoio à indústria que não existe noutros concelhos e que eu já designei de “made in Oliveira do Hospital”, vamos apoiar a marca.
Eu pergunto qual é a taxa de empregabilidade das pessoas que saem da Eptoliva e da ESTGOH? Estou até hoje à espera dessa resposta. Eu sei qual é. É quase nula, é formar por formar. E temos de começar a formar com objetivos, saber que os nossos filhos saem de lá e têm emprego garantido.
E as acessibilidades, o IC6, também falhou, na sua opinião?
Alguém que diz que se candidata ou não se candidata se não lhe fizerem o IC6, e o IC6 está no mesmo sitio, não se mudou, não se mexeu, agora já vieram com umas promessas que o IC6 vai ser feito com verbas disto e daquilo, mas nós Chega não vamos iludir os oliveirenses, porque não há dinheiro para fazer o IC6. Em 2017, o então ministro das infra estruturas já dizia que não era uma prioridade, e não há viabilidade para construir o IC6 nos próximos quatro anos. Não vamos mentir às pessoas. Porque não podemos fazer vida de ricos quando não há dinheiro.