A insegurança, a ansiedade e a depressão são incrivelmente comuns na nossa sociedade, e isso deve-se à autocrítica constante, ao facto de nos culpamos quando achamos que não estamos a ganhar o jogo da vida.
Alimentar continuamente a nossa necessidade de nos autoavaliarmos positivamente é quase como encher a barriga de doces, atingimos um breve pico de açúcar mas posteriormente os níveis descem de forma abrupta. E logo depois percebemos que, por muito que se queira, não podemos culpar sempre os outros pelos nossos problemas nem podemos sentir-nos sempre especiais e acima da média. Quando olhamos para o espelho e não gostamos do que vemos, a vergonha começa a instalar-se e a maioria de nós é incrivelmente severa consigo. Surgem pensamentos como por exemplo “Sou horrível”, “Não sou bom naquilo que faço”, “Sou inútil”.
Nas áreas em que é difícil iludirmo-nos, como comparar o nosso peso com o das modelos das redes sociais ou as nossas contas bancárias com as dos ricos e famosos, causamos a nós mesmos uma enorme dor emocional. Consequentemente perdemos a autoconfiança, começamos a duvidar do nosso potencial e desanimamos. Mesmo quando conseguimos lidar com as coisas e com as metas em que consideramos ser “suficientemente bom”, estas parecem estar sempre fora do nosso alcance, o que nos deixa frustrados. Temos de ser inteligentes e esbeltos, sofisticados e interessantes, bem-sucedidos e atraentes, e por mais bem-sucedido que seja há sempre alguém a quem a vida parece correr melhor. O resultado deste tipo de raciocínio é preocupante, milhões de pessoas tomam diariamente medicamentos para conseguirem enfrentar o seu dia-a-dia. A insegurança, a ansiedade e a depressão são incrivelmente comuns na nossa sociedade, e isso deve-se à autocrítica constante, ao facto de nos culpamos quando achamos que não estamos a ganhar o jogo da vida.
Qual é a saída deste ciclo vicioso? Parar de nos julgarmos e autoavaliarmos. Desistir de rotular como “bom” ou “mau” e simplesmente aceitarmos tal como somos.
*baseado em Neff, K. (2011)
Mariana Guilherme