Oliveira do Hospital despediu-se ontem do seu antigo presidente da Câmara e destacado vulto da cultura deste concelho, António Simões Saraiva.
E foram muitas as reações que se fizeram sentir neste último adeus aquele fora já no seu tempo “o presidente dos afetos”. “Dada a natureza das funções desempenhadas, a sua nobreza de carácter e enorme contributo para o desenvolvimento do concelho”, o presidente do Município de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, decretou três dias de luto municipal.
Conterrâneo e amigo do antigo autarca, o presidente da edilidade manifestou, desde logo, o seu mais profundo pesar, bem como a “mais sentida solidariedade junto dos familiares e amigos”. Também o vice presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, José Francisco Rolo, assinalou a “marca” deixada pelo antigo presidente da Câmara, na vida autárquica de Oliveira do Hospital. “Do Dr. Simões Saraiva recebi sempre o repetido tratamento de “meu querido amigo” e gestos de assinalável cordialidade e elogios públicos”, recordou ainda Francisco Rolo, numa publicação na sua página de facebook, onde destaca o respeito e a elevação com que sempre foi tratado pelo atual executivo, tendo participado sempre ativamente em inúmeras iniciativas públicas da Câmara Municipal, “enquanto a sua saúde e disponibilidade permitiram”.
“Partiu António Simões Saraiva. Homem que amou a sua terra e as suas gentes”, foi assim que Graça Silva, vereadora da Cultura do Município oliveirense, se referiu, desde logo, ao antigo presidente da Câmara, num texto/homenagem publicado na sua página de facebook. “Homem culto, de grande capacidade criativa, concretizou muitos projetos ligados ao teatro, à música, criou o primeiro grupo coral e de teatro no Ervedal e o grupo Coral de Sta Ana, em Oliveira do Hospital, que ainda hoje se mantém em actividade”, recordou a vereadora, destacando a sua mais emblemática obra enquanto presidente da autarquia, relacionado com a descoberta e preservação da antiga cidade romana da Bobadela, e o museu municipal a que ele próprio deu nome, repositório de um vasto espólio recolhido e preservado pelo antigo autarca.
O seu nome ficará ainda indelevelmente ligado à Fundação Cabral Metello e Casa Museu D. Maria Emília Vasconcelos Cabral, na cidade de Oliveira do Hospital, faz notar a vereadora da Cultura que realça o “gosto pelas artes em geral e pelo restauro em particular” demonstrado pelo antigo presidente da Câmara em inúmeras obras e peças escultóricas ali expostas. “ E muito mais haveria para dizer…os oliveirenses não o esquecerão!”, escreveu ainda Graça Silva, a terminar a sua publicação, onde partilha uma foto no último ato público em que esteve com António Simões Saraiva, precisamente na Bobadela.
“Um cardeal da cultura, um homem gentil, um exemplo de conhecimento e de educação” é ainda como o conhecido oliveirense e colaborador do nosso jornal, Vitor Neves, se refere ao antigo presidente da Câmara e seu amigo de longa data. “O Dr. António Simões Saraiva foi, provavelmente, a pessoa que me ensinou de forma incontornável, que sem Cultura e sem Educação não vivemos, existimos. Foram tantas as conversas e os ensinamentos, no seu gabinete, na Rádio, na Sua casa no Ervedal, ao telefone desde Lisboa…
A sua interpretação na peça “A Ceia dos Cardeais” ainda hoje me acompanha: o Dr. Saraiva era um vulto da Cultura” pode ler-se na sua página de facebook, onde deixa bem vincado o seu agradecimento e reconhecimento aquela que foi uma figura incontornável do concelho.
Também o jornal Folha do Centro se associa a este coro de homenagens ao antigo presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e ilustre oliveirense, que muito nos honrou com a Sua colaboração, numa painel de opinião de que faziam ainda parte outras destacadas figuras concelhias. Culto, educado, delicado, preocupado com os outros, assim o vamos recordar para sempre.
Obrigada, Dr. Simões Saraiva!
PSD recorda Simões Saraiva como um “príncipe da democracia”
Num comunicado enviado às redações, a Comissão Política Concelhia de Oliveira do Hospital do PPD/PSD mostrou também o seu profundo pesar pelo desaparecimento daquele que apelida de “príncipe da democracia”.
“Faleceu um grande Homem, uma grande figura do nosso concelho, todos ficamos mais pobres neste dia. Perdemos o Homem, mas a sua memória perdurará para sempre nos nossos corações e na nossa história coletiva.
Como sociedade, lembramos António Simões Saraiva como uma referência da cultura, que era a sua grande paixão e que elegeu sempre como o centro de toda a sua ação, nas mais diversas atividades, privadas ou públicas, em que esteve sempre empenhadamente envolvido” sublinhou o PSD, que recorda a vasta ação do antigo presidente da Câmara neste campo, tendo estado “na génese de Coral de Sant’Ana, de que foi membro ativo durante muitos anos; na Fundação Dona Maria Emília Vasconcelos Cabral, instituição de que a Cidade e o Concelho de Oliveira do Hospital muito se honram, foi ele o grande dinamizador e obreiro, tantas vezes com o seu próprio labor artístico e desempenho criativo e também na Bobadela, Cidade Romana, que é hoje uma marca, mas que teve em António Simões Saraiva o grande arquitecto”.
“Enquanto comunidade, de cidadãos e instituições, recordamo-lo como um grande autarca, um verdadeiro Príncipe do Poder Local, no desempenho de cargos da mais alta relevância, tanto como Presidente da Câmara Municipal, como mais tarde como Presidente da Assembleia Municipal.
Como Presidente da Assembleia Municipal foi o maior exemplo na busca de consensos e caminhos comuns, na defesa dos direitos das minorias e no respeito pelos adversários, colocando sempre a sua sabedoria e a sua experiência ao serviço de todos os seus sucessores.
Como Presidente da Câmara Municipal, soube estar sempre à frente do seu tempo, dotando o concelho das infraestruturas básicas numa parte muito substancial do seu território, numa época em que as condições financeiras eram quase inexistentes e em que o talento diplomático, em que era exímio, fazia a diferença. Mas nunca esquecendo as outras componentes essenciais à melhoria da qualidade de vida e à valorização dos cidadãos, através da promoção da educação, da saúde e da cultura” recorda ainda o PSD, partido ao qual sempre foi “fiel”, e em nome de quem exerceu a sua vida pública”.