Vitor Neves – Gestor
A promoção da festa está como o negócio do Queijo: ou se reinventa, se moderniza e atualiza-se, ou o futuro do “foi porreira a festa, pá!” estacionará no foi.
Vamos à festa?
A festa do queijo Serra da Estrela de Oliveira do Hospital, este ano tem uma nova imagem gráfica: juntou-se ao homem-pastor a mulher-queijeira e com uma só cajadada de marketing fez-se justiça e promoveu-se a igualdade do género. Muito bem.
Pena é que todo o restante género promocional continua igual. Ou quase.
Mais um cachê para um cantor/humorista popular, desta vez o Toy; mais “uma promo” pouco pensada, pouco elaborada e mal inspirada numa canção do protagonista, a apelar para não se por o queijo no congelador e que termina com uma Senhora, vestida de Ontem, a dizer ao Toy “vamos fazer amor”. Eh lá…valha-nos Deus e o Queijo Serra da Estrela DOP, a iguaria que suporta a festa: é tão bom para o humor que ajuda a suportar o mau.
Mesmo a propósito, importa fazer uma vénia à “estrela” local das redes sociais, José Coimbra e a quem teve a ideia de aproveitar os seus múltiplos talentos de comunicador: os reels e os tiktok são imperdíveis, em autenticidade, boa disposição e no modo de convidar, caloroso e simples – tudo a curtir milhões!
Ainda no contexto do mais do mesmo, antes das excursões invadirem Oliveira do Hospital, foi uma excursão cá da terra até Lisboa, à BTL, a Bolsa de Turismo de Lisboa.
Gente crescida vestida como antigamente, gente menos crescida, poucos, vestidos como se descreve nos livros o vestir do antigamente, discursos cheios de mensagens sobre o antigamente, no que designam como uma mostra das tradições e dos produtos endógenos, “palavrão” sempre mencionado nestes eventos.
Tudo aquilo é antigo, tudo aquilo é passado, tudo aquilo já não existe, tudo aquilo não é futuro.
Há concelhos vizinhos a promoverem-se com simuladores de ecopistas! Oliveira do Hospital vai “falar” a Lisboa e o porta-voz mor é acompanhado por um miúdo, com tais vestes, que parecia retirado do filme d’ Aldeia da Roupa Branca.
O Somos Portugal de hoje já não é “isto”.
E mesmo o da TV também já só (sobre)vive com a glória das grandes tardes do passado.
O teste de algodão desta falta de novidade e inovação, pode fazer-se ao escutar o spot promocional da TSF: se não é igual ao da festa/feira do ano passado, parece muito…
A promoção da festa está como o negócio do Queijo: ou se reinventa, se moderniza e atualiza-se, ou o futuro do “foi porreira a festa, pá!” estacionará no foi.
Vamos à festa. Enquanto há festa há esperança.