ENTREVISTA » José Carlos Alexandrino, presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, garante que este é um certame que está para continuar e o objetivo é mesmo crescer nos próximos anos
Folha do Centro – Esta é já a 5ª edição da EXPOH, evento que lançou no seu primeiro mandato. Que balanço é que faz deste certame?
José Carlos Alexandrino – A EXPOH é uma feira regional que ocupa hoje um lugar único no território entre Coimbra, Viseu e Guarda e é a maior mostra de atividades do interior da região centro. É um certame que envolve já cerca de 200 expositores empresariais e institucionais. O número de pedidos de empresas da região para estarem presentes na EXPOH tem vindo a aumentar de ano para ano, o que mostra bem a sua dimensão. Portanto, parece-me evidente que Oliveira do Hospital ganha com a realização de uma feira deste tipo, porque o retorno, sob vários aspetos, é muito interessante.
Em termos financeiros esta é uma EXPOH mais contida que as anteriores ou os números são semelhantes?
Perante a crise que se instalou no país e os cortes financeiros que têm vindo a ser impostos às autarquias pelo governo, tivemos que reajustar a feira em termos orçamentais, procurando fazer mais e melhor com menos dinheiro.
Temos que dar eficiência financeira à EXPOH procurando adaptar o cartaz à nossa realidade financeira.
Portanto, parece-me evidente que um investimento no valor de 50 mil euros está adaptado às nossas condições financeiras e a diferença entre as receitas e as despesas previstas não têm tanto a ver com o custo do cartaz, mas sim com toda a logística que está associada à realização de um evento desta dimensão.
Veja por exemplo quanto é que custa a organização da EXPOFACIC, em Cantanhede. Custa cerca de 1,5 milhões de euros e é considerada uma iniciativa inquestionável.
Tem vindo a falar na importância de reforçar a componente empresarial oliveirense nesta mostra. Considera esse objectivo conseguido?
Não totalmente, mas damos sempre o nosso melhor para que a EXPOH seja uma boa excelente montra da dinâmica comercial e empresarial de Oliveira do Hospital. Agora, também é óbvio que a crise financeira dificulta essa tarefa.
O parque do Mandanelho continua a ser o palco privilegiado para a realização deste evento ou gostaria de o ver noutros locais da cidade?
Por enquanto, o Parque do Mandanelho, até por um conjunto de infraestruturas que ali se encontram – como o palco, por exemplo – reúne um conjunto de requisitos que são importantes para a realização da EXPOH. De qualquer forma, nada é estático e não escondo que o recinto da feira mensal também pode vir a ser um espaço alternativo.
Em termos de visitantes quais são as expectativas para a edição deste ano? Considera que a EXPOH pode ainda ir mais longe em termos de atração de público?
Estou confiante que a EXPOH deste ano continuará com a sua tendência de crescimento, porque na verdade é uma feira com grande capacidade de atração de público.
Em quatro anos a EXPOH quase duplicou o número de visitantes. Passámos de 25 mil visitantes, em 2010, para 42 mil na edição de 2013 e o objetivo é continuar a crescer, sustentadamente.
Este é um evento para continuar?
Quando cheguei à Câmara Municipal, em 2009, um dos anseios dos oliveirenses era o regresso da FICACOL – esteve sem se realizar durante oito anos – numa versão mais moderna e à altura do nível de desenvolvimento de Oliveira do Hospital. Portanto, o aparecimento da EXPOH em 2010 resulta de um compromisso que estabeleci com os oliveirenses. Vamos na quinta edição e claro que estamos apostados em continuar.
Mas também acho pertinente deixar aqui uma pergunta: será que os oliveirenses que, tanto clamaram pelo regresso da FICACOL, estariam dispostos a que acabássemos com a EXPOH? Eu, sinceramente, julgo que não.
Em termos de eventos o que é que aconteceu este ano com o rali cidade de Oliveira e com a Volta a Portugal que não se vão realizar no concelho?
Perante os cortes financeiros que sofremos nas transferências do Estado e face ao défice tarifário existente na faturação da água e saneamento, que tem custado ao município um milhão de euros por ano – apesar das recentes atualizações que recentemente fizemos ao tarifário –, fomos obrigados a tomar novas medidas e a reajustar muitas situações, priorizando sempre o que é realmente mais importante.
É importante perceber que o município vê-se obrigado, por imperativos legais, a comprar uma das águas mais caras do país para distribuir aos munícipes, e essa situação pesa demasiado no orçamento municipal.
Portanto, estes dois fatores têm limitado muito a nossa ação, obrigando-nos a grande contenção na despesa. Como sabe, neste momento, também temos outro fator de dificuldade pelo facto de estarmos sem Quadro Comunitário de Apoio, impedindo-nos assim o acesso aos fundos comunitários.
Por este conjunto de razões prescindimos destes dois eventos, muito embora reconheça que a Volta a Portugal em Bicicleta tinha uma importância vital na projeção da marca “Oliveira do Hospital”.
De qualquer modo, e para compensarmos a ausência da volta em 2014, este ano vamos conseguimos ter duas televisões – a RTP, com o Verão Total e a SIC com o Portugal em Festa – a fazer cerca de dez horas de transmissões diretas de Oliveira do Hospital e da EXPOH. E a presença das televisões em Oliveira do Hospital, que é hoje disputada por muitos municípios, não traz qualquer custo para o município a não ser o de assegurarmos a logística inerente à realização de programas televisivos desta natureza.
Portanto, como em tudo na vida temos que ir fazendo opções. Não podemos por exemplo fazer um investimento numa Volta a Portugal em Bicicleta e, depois, ter que diminuir os subsídios, ano após ano, ao desporto sénior e à formação.