A poucos dias de se concretizar a 27ª edição da Festa do Queijo de Oliveira do Hospital, Paulo Rogério, um dos maiores produtores queijo Serra da Estrela, confessou que vai marcar presença na festa mas com “metade dos queijos” em comparação a anos anteriores.
Com ele marcam também presença os seus novos rótulos do queijo, “Renascer das Cinzas”, que surgiram depois ter visto a sua queijaria inativa por “36 dias”. Com negócio desde 2002, Paulo revela que conseguiu “recomeçar” com a compra de animais “em fase de produção”. A criação dos rótulos surge da “memória negativa” que o incêndio de 15 de outubro provocou e que levou ao produtor ver a sua “vida inteira de trabalho perdida numa hora”.
Com poucas certezas relativas ao seu futuro enquanto profissional da área, Paulo Rogério prevê demoras na reconstrução e chega a afirmar que “daqui a dois ou três anos” ainda vão ser evidentes “problemas derivados aos incêndios”.
Quase cinco meses depois dos incêndios de outubro que devastaram o concelho de Oliveira do Hospital, o produtor ainda não recuperou o seu efetivo. Atualmente com 80 ovelhas, “ainda faltam 52 animais”, para atingir o número que, até à data, possuía. Apesar de os números ainda não serem satisfatórios, Paulo Rogério agradece “aos amigos, ao presidente da junta de freguesia de Oliveira do Hospital e aos grupos” que se deslocaram ao seu terreno para prestar ajuda. “Graças à solidariedade estou a trabalhar a 50 por cento”, contou o produtor.
Questionado em relação ao que falta para a sua atividade voltar à normalidade, Paulo Rogério refere que “falta tudo, faltam animais, condições para os ter e alimentação”.
Com os olhos postos no futuro e a “viver um dia de cada vez”, o produtor de queijo Serra da Estrela confessa que se “advinha um setor da pecuária muito difícil nos próximos tempos”.
Para Paulo Rogério o setor tem-se deparado com inúmeras dificuldades. Apontando inicialmente para a “redução do efetivo animal” em comparação “há uma década atrás”, o produtor lamenta a falta de consideração pela profissão. “As pessoas ao ingressarem nesta área têm de se mentalizar que têm de trabalhar 365 dias por ano”, reforçou Paulo considerando que é uma “vida presa”. A “falta de jovens”, o “problema do minifúndio”, o “acesso à terra” e o facto de “o setor em si” não ser “assim tão rentável” são problemas que, segundo Paulo Rogério, o setor da pecuária tem enfrentado nos últimos tempos.