Na sessão solene comemorativa do 25 de abril que, como é habitual, deu “voz” a todas as forças políticas com representação em Oliveira do Hospital, presidente da Câmara deixa garantia da obra ser realizada a “breve trecho”, apontando, nesta matéria, a “hipocrisia política” do principal partido da oposição, o PSD.
O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital deixou ontem a garantia de que “pela primeira vez” o IC6 “tem condições para avançar”, pelo “simples facto” do Governo já se ter comprometido a investir 38 milhões de euros neste itinerário até ao nó de Folhadosa, e do concurso para o projeto de execução, “contrariamente à vontade de alguns velhos do restelo” poder ser lançado durante o mês de julho.
“Tarde, mas vale mais tarde do que nunca, porque o que nós queremos é o IC6 até à nossa zona industrial”, afirmou o autarca, na sua intervenção durante a sessão solene comemorativa do 25 de abril, que este ano, pela primeira vez, saiu à rua, tendo como palco o jardim Oliveira Mano.
Numa intervenção marcada pelo balanço da obra feita nos diversos setores, José Carlos Alexandrino não deixou de colocar a tónica nas acessibilidades até para acabar com “alguma demagogia e hipocrisia políticas”, nesta matéria, vindas sobretudo do maior partido da oposição que, recordou, em nenhum momento, esteve com a Câmara Municipal na reivindicação desta estrada.
Lembrando que há uma nova orientação da Europa, através do plano Junquer, de financiamento das infra estruturas rodoviárias até às áreas de localização empresarial, Alexandrino deu como certa a concretização do IC6, fazendo notar que neste momento, e depois de décadas de reivindicação, este itinerário tem “finalmente, todas as condições criadas para poder avançar a breve trecho”. “Como sabem a palavra impossível não faz parte do meu vocabulário”, frisou o autarca oliveirense, para quem esta não é hora de “retrocessos”, mas de continuar a afirmar Oliveira do Hospital como “um concelho modelo na região”.
Deixando implícita a sua recandidatura a um terceiro e último mandato, ao afirmar já no final da sua intervenção, que “continua apaixonado por Oliveira do Hospital” e “com a mesma esperança com que entrou em 2009”, Alexandrino fez também questão de esclarecer o atraso das obras da Nacional 17, garantindo que, desta vez, a culpa não é do Governo, mas da Câmara Municipal, que decidiu substituir uma conduta de água entre Vendas de Galizes e Lourosa, que já há alguns anos que vinha a dar problemas. “Por isso eu acho que vale a pena esperar mais uns dias”, rematou o presidente, aludindo ao vasto trabalho iniciado pelos seus executivos em 2009 e que foi responsável por retirar, nestes últimos oito anos, o concelho da “apagada e vil tristeza” em que se encontrava.
“Há quem queira o regresso a esse passado, mas Oliveira do Hospital conquistou um estatuto de dinamismo que jamais poderá voltar atrás”, referiu o edil, lembrando, nomeadamente, o prestigio alcançado com a maior festa do queijo de Portugal, que não passava de uma festinha no antigo mercado municipal, dando atualmente ao concelho uma “assinalável” visibilidade nacional.
Lamentando que Oliveira não esteja hoje mais “adiantado” na execução de alguns projetos por causa do atraso, por parte do anterior Governo do PSD, no lançamento dos fundos comunitários do 2020, Alexandrino deu, todavia, nota de algumas áreas onde a Câmara Municipal fez uma autêntica revolução e onde se prepara para lançar investimentos de mais de 2,5 milhões de euros, como é o caso do setor da água e saneamento. “Lembro-me bem da água amarelada que chegava às torneiras quando aqui cheguei”, e da “vergonha que eram algumas notícias de jornais de esgotos a céu aberto”, recordou, não tendo dúvidas que “nunca nenhum executivo teve a capacidade de captar tantos fundos comunitários como este”.
Realçando a “relação de proximidade” com os autarcas das freguesias, que se traduziu nos últimos oito anos em cerca de cinco milhões de euros de transferências do Município, José Carlos Alexandrino deu ainda nota do trabalho “social” realizado pelos seus executivos, destacando nomeadamente a “proteção aos mais desfavorecidos” na área da saúde e habitação, onde fez referência às 23 habitações recuperadas no âmbito do programa “Casa Digna”. “Foi para isto que se fez o 25 de abril”, concluía assim o autarca, que deixou implícita a sua candidatura ao terceiro mandato.
Representantes das diversas forças políticas aplaudiram conquistas de abril, mas querem mais
Numa sessão marcada pelas intervenções dos representantes das diversas forças políticas no concelho, o presidente da Assembleia Municipal, Rodrigues Gonçalves, justificava a cerimónia com a ideia de que ainda “faz sentido comemorar abril”, na medida em que Portugal “está hoje irreconhecível” em relação ao que esteva antes de 74.
Também o representante da CDU, João Dinis, mostrou a sua “profunda alegria” por voltar a comemorar abril, sobretudo na atual conjuntura política governativa, a quem elogiou a capacidade de “interromper o ciclo de empobrecimento brutal que o anterior Governo levou a cabo”. “Ainda assim há que cumprir com as grandes expetativas criadas. A nossa Pátria precise ainda de mais saúde, educação, verbas para as autarquias”, frisou, ao mesmo tempo que defendia a saída do Euro e libertação dos que “nos chamam lixo e bêbados”.
Da sociedade civil para a política, o presidente da Concelhia do CDS/PP e atual candidato à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, Nuno Alves frisou, por sua vez, a necessidade da política ter mais participação cívica e menos políticos profissionais e de carreira. “Que melhor forma de honrar a democracia que dar o nosso contributo com a nossa candidatura”, questionou o dirigente centrista, pedindo “respeito pelo próximo” na luta eleitoral autárquica que se avizinha.
Já o representante do PSD e atual líder da bancada social democrata na Assembleia Municipal, Rafael Costa, destacou a necessidade de lutar por um poder político mais “credível”, já que “tudo é cada vez mais folclórico”. Apesar de dar nota do desenvolvimento do país, desde a adesão à UE, o deputado laranja lamentou que o país continue a “ duas velocidades”, com “auto estradas a mais e alcatrão a menos”, sobretudo no Interior que “continua esquecido pelos sucessivos governos”.
Em representação do PS, o presidente da União de Freguesias de Oliveira do Hospital e S. Paio de Gramaços, Nuno Oliveira, fez uma longa e emocionada intervenção, onde destacou a grande “dádiva de abril” que foi a conquista do poder local democrático. “O poder local mudou a face de um Portugal atrasado, e como tal, devia ser estimado e reconhecido”, considerou o autarca socialista, que deixou o apelo à integração de mais jovens nas listas concorrentes às próximas eleições autárquicas.
A sessão solene comemorativa do 25 de abril ficou ainda marcada pela atuação do Coral Polifónico de Avô, pela declamação de poemas de abril, pelo professor Álvaro Assunção, e pela atuação do grupo de música acústica, que tem como vocalista uma jovem oliveirense, Mariana Torgal.