Os ânimos estiveram exaltados ontem durante a reunião pública do executivo camarário oliveirense, com maioria e oposição a trocarem, por diversas vezes, duras criticas e acusações.
Primeiro foi o caso das piscinas municipais do Seixo da Beira que se encontram encerradas por falta de nadador salvador a gerar polémica no seio do executivo, e acabou com as despesas com os stands da EXPOH.
O cidadão vilafranquense e conhecido dirigente da CDU, João Dinis, aproveitou o período antes da ordem do dia, para mostrar o seu desagrado relativamente ao facto daquele equipamento balnear se encontrar fechado desde que começou o verão, acusando o executivo de falta de planeamento e de desleixo por não ter arranjado a tempo um nadador salvador para colocar em funcionamento as únicas piscinas públicas da zona norte do concelho. “Como é que eu explico à minha filha com sete anos, com uma temperatura de 39º graus na rua, que as piscinas estão fechadas e os meninos de Oliveira podem ir à piscina”, interrogou o cidadão de Vila Franca da Beira, entendendo que a lei que obriga à presença de um nadador salvador nas piscinas públicas está “desajustada à realidade” e é mais um vez o Estado a ligar o “complicometro”.
Na resposta, o presidente da Câmara, José Francisco Rolo, afirmou não ser do interesse de ninguém aquele equipamento municipal estar fechado e realçou o esforço feito quer pela Câmara Municipal, quer pela Junta de Freguesia do Seixo da Beira, para tentar encontrar um nadador salvador que assegurasse esta época balnear. “Não foi por falta de planeamento, nem de dinheiro, nem de cursos que não há nadadores salvadores, a Câmara cumpriu a sua obrigação de formar nadadores salvadores, mas acontece que há alguns que estavam disponíveis e deixaram de estar pelas razões que o senhor conhece, porque vão para as praias de litoral”, justificou o edil, entendendo que esta é daquelas questões que exige sentido de responsabilidade porque “por vezes os acidentes ocorrem, como aconteceu ainda há poucos dias em Penacova em que houve uma vitima mortal”.
A começar por lamentar que quem tenha trazido o tema para a praça pública o tenha feito com algumas “considerações injustas e mentiras”, o vereador com pelouro do desporto, Nuno Ribeiro, lembrou que este é um problema “nacional” e fez questão de exibir mesmo várias noticias de jornal que dão conta da falta de nadadores salvadores um pouco por todo o país.
O vereador acusou por isso os críticos de “falta de competência quando fazem determinadas afirmações”, recordando que a Câmara Municipal tem vindo a promover desde 2010, vários cursos de nadador salvador para assegurar a vigilância das zonas balneares. “E temos de louvar o esforço das Juntas de Freguesia que tudo têm feito para arranjar nadadores salvadores, agora não podemos é dizer ao oleiro de Ervedal que faça um em barro que isso não pode acontecer”, afirmou, dando conta de uma proposta entretanto apresentada ao Instituto de Socorros a Náufragos no sentido de “dividir em duas categorias” estes cursos, de modo a facilitar a formação de mais nadadores salvadores para estes espaços balneares.
Quem não aceitou as explicações do executivo foi o vereador da Coligação PSD/CDS-PP que acusou a Câmara de não ter feito o que devia nesta matéria, e de pensar que “organizando cursos de 3 em 3 anos resolvia o problema”. “Deviam ter organizado mais cursos”, afirmou, entendendo que “não foi feito o trabalho necessário à criação de mais nadadores salvadores e provou-se este ano que os cursos não foram suficientes”. “Não vale a pena tentarem passar as culpas para toda a gente que isso não é bonito”, atacou ainda o vereador da oposição, apontando o caso de uma Junta de Freguesia que teve de pagar “1200 euros para ter nadador salvador”.
“Os senhores aceitem as criticas, não falem em populismo, ou não estão preparados para ter oposição?”, atirou o autarca eleito pelo PSD/CDS-PP.
As acusações à maioria liderada por José Francisco Rolo protagonizaram um dos pontos “altos” da discussão, com o presidente da Câmara oliveirense a acusar Francisco Rodrigues de passar a vida a “espirrar” contra o trabalho do seu executivo. “O senhor passa a vida aqui a espirrar, quando 47% das praias deste país estão sem nadador salvador. Acha que o que acaba de dizer é sério? Dizer que não nos preparámos, que não somos responsáveis, isso é que é seriedade?”, contra atacou José Francisco Rolo, apelidando Rodrigues de “virgem ofendida” depois deste, por diversas vezes, ter refutado o tipo de respostas da maioria que o acusou ainda de “demagogia, mentira e de vitimização”.
“Os oliveirenses merecem respeito, o que eu vejo aqui é especulação. O objetivo, a ambição de atingir o poder não vale tudo”, apontou ainda o vice presidente da Câmara, Nuno Oliveira, dizendo que não é verdade que não tenham sido promovidos cursos para a formação de nadadores salvadores. “Foram feitos cursos em 2010, 2012, 2015, 2018 e 2021”. Ao que Rodrigues respondeu mas “ não fizeram nenhum em 2022, como outros municípios fizeram, como foi o caso da Pampilhosa da Serra”. Quem acabou também por se insurgir contra as acusações de demagogia e falta de seriedade da oposição foi o vereador Rui Fernandes que apelou ao respeito de “todos” nestas ocasiões, até porque isto é “uma escalada” e “temos todos de elevar um bocadinho o nível”, exortou.
Um apelo que não sortiu efeito, com maioria e líder da oposição a manterem o “tom” exaltado nomeadamente quando a EXPOH veio para cima da mesa. Depois do balanço positivo que a Câmara Municipal fez do certame, Francisco Rodrigues veio questionar o custo demasiado elevado da “meia dúzia de stands” que a feira tinha este ano, comparativamente aos 120 stands que tinha no passado, e nomeadamente quando ainda existem problemas de saneamento básico por resolver no concelho, como foi um caso que trouxe a público no Goulinho.
“Aprendam a contratar, até o transporte e a montagem pagaram à parte, o que nunca aconteceu”, atirou o vereador do PSD/CDS-PP que foi duramente refutado pelo número dois do executivo. A concluir que o problema do vereador da oposição seja de “indigestão” com o sucesso da EXPOH, Francisco Rolo exortou que se terminasse a discussão, ao que o vereador Francisco Rodrigues respondeu que “a mim o senhor não me manda calar”.