Moradores da Catraia de S. Paio queixam-se de “barulheira” e de muito “pó” provocado por fábrica de aglomerados de madeira.
Os moradores nas proximidades da fábrica de aglomerados de madeira do Grupo Sonae, na Catraia de S. Paio, queixam-se de uma “barulheira insuportável” e de “muito pó no ar” provocados, nos últimos tempos, pela transformação de sobrantes, em terrenos adjacentes à unidade principal da fábrica.
Os populares, sobretudo os que têm casa mais próximo das instalações da empresa dizem que a situação se tem agravado no último ano, com cada vez mais barulho e poluição provocados pelas máquinas de triturar resíduos florestais. “Há dias em que não se pode estar aqui, é um barulho ensurdecedor” desabafa Adérito Fonseca, cuja casa fica situada paredes meias com o espaço onde está a ser feito o depósito dos sobrantes.
Com habitação há mais de 40 anos no mesmo local, o morador garante que já houve fases em que se sentiam mais os fumos libertados por esta indústria, mas nos últimos anos, a situação foi sendo atenuada. “Já há muitos anos que não se via isto assim, a gente aqui nem pode respirar, toda a gente tem moinha nos peitoris das janelas e há dias que até parece que neva aqui” diz este morador, indignado com aquilo que lhe parece ser um regresso ao passado. “De há uns tempos para cá, ninguém pode aqui estender uma roupa na rua, nem ter uma janela aberta, e a cultivação tem que ser tudo muito bem lavado e desinfetado”, relata, lembrando que “estamos como no princípio em que a serradura se espalhava por todo o lado, e com o barulho das máquinas, isto vibrava tudo”.
Adérito Fonseca entende que apesar de ter havido evoluções e da fábrica poluir menos que no início, “agora já estão novamente a abusar”, colocando as máquinas a desfazer os resíduos da madeira em terrenos contíguos a habitações. “Uma pessoa tem que se isolar, não pode estar em lado nenhum quando eles estão a migar aquilo, é de dar em doido com aquele barulho”, adianta a esposa, contando que há dias em que “não aguenta o zumbido”. “Só apetece fugir daqui”, garante, lembrando que “tudo se queixa do mesmo”.
Queixas partilhadas por outros vizinhos, incluindo o antigo presidente da Junta de Freguesia de S. Paio que também tem casa no mesmo local, e se queixa do pó e do cheiro que tem andado novamente no ar. “O cheiro à noite é insuportável, então quando há ventos não se pode abrir nada, temos que nos esconder” denunciam, reconhecendo que apesar “daquilo não ser nenhuma fábrica de sabonetes, há formas de minimizar os problemas”. “A questão é que quando está vento, aqueles amontoados de serradura espalham-se e infiltram-se em todo o lado”, relata o ex presidente da Junta, julgando que uma forma da empresa minimizar o problema seria isolar aquela área. “Vivemos aqui numa porcaria, já viu” exclama outra moradora, lembrando que “já basta o historial de poluição” suportado pelos moradores, para agora ainda terem mais um, vendo-se obrigados a “limpar todos os dias montes de lixo de casa”.