Aproveitemos esta quadra, este Natal presente para vivermos boas lembranças e ofertarmos uns aos outros gestos que sejam sinónimos de afeto, solidariedade e partilha.
Os anos passam muito depressa e quando nos apercebemos já é Natal outra vez. O Natal é uma época especial, por muitas razões, e é celebrado de forma diferente, dependendo da cultura de cada um e da sua geografia.
A verdade é que falar do Natal nos aquece o coração. Seja porque nos leva a reviver tradições, memórias felizes do passado ou porque nos desperta para no presente sermos mais solidários, mais generosos, mais fraternos. E isto não é um cliché, é realidade. Nesta época sentimo-nos predispostos para olhar os outros com mais atenção e humanidade.
No Natal iluminamos e enchemos de cor as nossas casas, para acolhermos a família e amigos, pondo a mesa com iguarias muito aguardadas ao longo do ano. Aliás, sem estes sabores que herdámos o Natal não seria igual.
Também, não dissociamos o Natal da árvore e dos presentes, sobretudo, para as crianças. Mas quando terá começado esta tradição? Ao que parece já no Império Babilónico, que existiu entre 1790 a.C. e 539 a.C., quando foi derrubado pelos persas, se colocavam presentes debaixo de uma árvore enfeitada. Ou ainda os celtas, que entre 600 a.C. e 600 d.C. habitaram a Europa e algumas regiões da Ásia Menor e celebravam o início do solstício de Inverno, em janeiro, enfeitando um carvalho, com frutas e velas.
Quanto às luzes que enfeitam a árvore de Natal, também se conta que Martinho Lutero (1483-1546) viu o brilho espetacular das estrelas de uma noite de inverno, refletidas nas árvores, cintilantes, e tendo ficado muito impressionado colocou velas nos ramos de uma árvore de Natal. Com o passar do tempo, as velas foram trocadas por luzes. Para os cristãos as luzes representam a luz de Jesus Cristo e a graça divina.
Ainda uma curiosidade sobre a festividade do Natal. Pode dizer-se que é na Roma antiga que encontramos a festa que mais se aproxima do Natal contemporâneo – apesar das inúmeras diferenças entre as duas celebrações, como não poderia deixar de ser.
Amigos e familiares sentados em torno de uma mesa onde não falta comida e bebida. Trocam-se prendas. Porque é considerada uma celebração de paz e boas intenções, os conflitos são resolvidos ou atenuados e até aqueles que habitualmente estão numa situação complicada, durante o resto do ano, não são esquecidos.
Estamos a falar do Natal como o conhecemos, certo? Não, se recuarmos até à Antiguidade clássica. Referimo-nos às Saturnálias, que como o nome indica era uma festa dedicada ao deus Saturno. Entre outras coisas, esta celebração representava a abundância, a riqueza, o tempo e a liberdade – ocorrendo à volta do solstício de Inverno.
Voltemos aos presentes. A palavra “presente” é um antónimo de passado e futuro, mas também sinónimo de “atual, lembrança ou oferta”. Aproveitemos esta quadra, este Natal presente para vivermos boas lembranças e ofertarmos uns aos outros gestos que sejam sinónimos de afeto, solidariedade e partilha.
Não é afinal este o presente que todos queremos ter debaixo da nossa árvore?
Feliz Natal, muita saúde e paz para todos!
Paula Frade
Investigadora Instituto de Estudos de Literatura e Tradição – Universidade NOVA de Lisboa