O médico Álvaro Herdade tomou ontem posse como presidente da Fundação Aurélio Amaro Diniz, para um novo mandato. Este é já o quarto mandato consecutivo do conhecido médico oliveirense, que foi reconduzido no lugar pelo novo executivo da Câmara Municipal, liderado por José Francisco Rolo.
A cerimónia de tomada de posse do novo conselho de administração, que regista a entrada de três novos elementos (Aldina Neves, António Madeira Dias e Daniel Dinis Costa), teve lugar ontem ao final do dia, e foi marcada pelo discurso ambicioso do presidente da instituição, centrado essencialmente nos novos projetos na área da saúde.
Com um hospital com uma área de influência cada vez maior, abrangendo atualmente sete concelhos da região, Álvaro Herdade entende que Oliveira do Hospital “não pode perder a corrida pela saúde”, pelo que tem de avançar rapidamente para a ampliação das instalações hospitalares, mas também com o alargamento do serviço de atendimento permanente para 24 horas.
“Não temos mais instalações, não temos possibilidades de ter mais consultas, não temos sequer gabinetes para ter mais médicos”, fez notar o presidente da FAAD que considera o investimento na ampliação do hospital, embora avultado, necessário para “projetar a FAAD no futuro”.
Em causa estão cerca de 8 milhões de euros de investimento que, segundo Herdade, são fundamentais para o hospital não “ficar para trás” na corrida pela “saúde”. “O mundo da saúde está em constante movimento, ou nós conseguimos manter-nos na linha da frente, ou somos deixados para trás”, advertiu o presidente da instituição que falou no investimento que tem vindo a ser realizado, nos últimos anos, na modernização da unidade hospitalar, com a aquisição de equipamento tecnológico de “ponta”. “Hoje temos 40/50 monitores, ventiladores em todo o lado e um novo TAC, isto tudo custou dinheiro e há sempre coisas novas a surgir”, afirmou, apontando para o verão a abertura da nova unidade de saúde mental, que tem já financiamento aprovado.
Outro grande desígnio do presidente da FAAD para o novo mandato é o alargamento do serviço de atendimento permanente para 24 horas. Apesar de assegurar as urgências desde 2017, na sequência do seu encerramento no Centro de Saúde, o hospital continua sem serviço de atendimento permanente sete dias por semana/24 horas. “Não percebo certas forças políticas, não sei onde elas se enquadram, que não percebem que as urgências não pertencem aos cuidados de saúde primários, que estão vocacionadas para a parte hospitalar”, lamentou o médico, entendendo que também nesta área, a saúde em Oliveira do Hospital “não pode voltar para trás”.
“Temos de evoluir, sei que não vai ser tarefa fácil para o novo conselho de administração, porque há uma grande dificuldade em arranjar médicos, neste momento não temos médicos em Oliveira do Hospital”, observou, lembrando que o serviço de urgências está, nesta altura, a assegurar aquilo que os cuidados primários não conseguem assegurar que são as consultas à população. “O serviço de urgências não foi feito para fazer consultas, 60 a 70% dos atendimentos não são urgências, mas se as pessoas não têm lá consulta, não têm lá médico, qual é a porta a que vão bater?”, questionou, reclamando da parte do Governo o apoio ao alargamento deste serviço, assim como o respetivo pacote financeiro, uma vez que “o plafond que nos prometeram nos incêndios continua em divida”. “São cerca de 850 mil euros que nos fazem muita falta, numa altura em que há tanta gente a necessitar de cuidados de saúde”, fez constar, prometendo dar prioridade a esta negociação.
Reconhecendo que a FAAD é uma instituição de “referência” em Oliveira do Hospital e na região, o presidente do Município, José Francisco Rolo começou por lembrar que existem “poucas instituições na região com a dimensão da FAAD, quer em termos de capacidade técnica quer ao nível das respostas no domínio da saúde e do social”. Uma dimensão que, no entender do edil, requer também à sua frente alguém com o “perfil” do reconhecido clínico e gestor, cuja “evidente disponibilidade e capacidade de trabalho” justificam a sua recondução na presidência da maior IPSS do concelho.
“No distrito de Coimbra são poucas as instituições que têm o volume de protocolos e compromissos com o Estado Português, como a FAAD”, sublinhou Francisco Rolo, que agradeceu o trabalho “altruísta” que os sucessivos conselhos de administração têm feito em prol da instituição, sem receberem qualquer remuneração. “Chegará o dia em que teremos de encontrar um outro modelo de gestão, moderna e remunerada, ajustada aos níveis de exigência que a instituição tem, com milhares de euros contratualizados com o Estado”, referiu, acreditando que este é também um desafio que “devemos olhar de frente”.
No domínio da prestação de cuidados à população, o autarca destacou as novas respostas que a FAAD tem a caminho, nomeadamente no domínio da saúde, com a criação da primeira unidade de cuidados de saúde mental à população. “Há aqui um grande horizonte de possibilidades para esta casa”, notou o presidente da Câmara oliveirense, que promete estar ao lado do novo conselho de administração na concretização dos desafios que este tem pela frente, quer na melhoria da prestação de cuidados médicos à população, quer na componente de modernização das instalações hospitalares.