Foi com esta pergunta que o site Taste Atlas desafiou os cibernautas a classificarem os 100 melhores queijos do mundo. O resultado foi surpreendente e se para os portugueses já não havia dúvidas de que era o queijo Serra da Estrela, agora com o 8ª lugar alcançado na competição, deixando para trás congéneres há muito considerados os melhores entre os melhores, como é o caso dos queijos franceses, o queijo Serra da Estrela vê ser reconhecido o seu valor a nível mundial e fortalecida a sua posição e visibilidade junto de consumidores internacionais das mais diferentes latitudes.
Este queijo que na realidade sempre foi uma “estrela” entre os queijos nacionais, está a fazer um trajeto que, certamente, o levará para a ribalta da gastronomia mundial.
A produção e o consumo de queijo terá começado há muitos milhares de anos e confunde-se com o momento em que as comunidades caçadoras-recolectoras deram início ao desenvolvimento da agricultura e da domesticação dos animais, por volta de 10 000 a.C.
O domínio do fogo e a cozedura dos alimentos marcam o momento da humanização dos hábitos alimentares. A fermentação de alimentos é transversal a todas as culturas e influenciou as suas cozinhas e comunidades.
Egípcios, assírios, fenícios, gregos, romanos ou árabes foram povos onde desde sempre o queijo esteve presente nas suas mesas, consumido simples, fresco ou maturado, utilizado como condimento, em pratos doces ou salgados.
Sabe-se que vários povos da antiguidade consumiam e preparavam diferentes tipos de queijo. Achados arqueológicos, deram a conhecer inúmeros utensílios da cozinha etrusca , entre os quais raladores de queijo, com mais de 3 000 anos. Também, na descrição de um banquete romano pode ler-se que o queijo fazia parte das entradas, denominadas gustatio. Nas culturas greco-romanas o queijo ocupava um lugar mais importante do que a carne na alimentação diária. Com a expansão do império romano disseminou-se a produção de queijo pelos territórios conquistados.
E deste modo chega a Oliveira do Hospital a tradição do saber fazer queijo. A presença romana, a morfologia dos solos, a resiliência e criatividade das suas gentes, contribuíram para que este conhecimento, a arte de fazer o melhor queijo Serra da Estrela chegasse até aos nossos dias e visse agora reconhecido o seu valor. Este é um prémio merecido por todos quantos se têm dedicado ao longo de mais de dois mil anos à produção e salvaguarda deste queijo de características únicas!
Paula Frade
Investigadora Instituto de Estudos de Literatura e Tradição – Universidade NOVA de Lisboa