Desde que, há três anos, tive a honra de ser convidado para partilhar, nas páginas do Folha do Centro, a minha opinião sobre tudo o que me apetecesse escrever, aquilo que faço é falar, comentar e analisar o que os outros fazem ou deixam de fazer.
Tenho procurado fazê-lo com responsabilidade: falo do que é feito e de quem o faz, e quando critico o que é feito, procuro sugerir soluções, pensando como faria se estivesse eu no lugar da decisão. Parece-me essa a forma mais responsável de estar no espaço público, e a única que é consequente.
Se o meu modus operandi for o de procurar leitores e gerar discussão através da crítica gratuita, não estou a contribuir mais do que as caixas de comentários das redes sociais. Como é óbvio, não procuro, ao focar-me em soluções práticas, que os leitores ou os visados pelo comentário passem a concordar comigo ou a achar válidas as minhas ideias, mas o essencial nisto tudo é: tenho esperança que este espaço gere um debate aberto e democrático, e não seja um muro de lamentações ou desabafos.
Faço esta longa introdução porque, nos últimos meses, tenho assistido frequentemente à ascensão violenta de uma vozearia que critica tudo e todos, critica o que é feito e o que fica por fazer, acusa todos e mais alguns, enquanto não faz uma proposta ou uma sugestão – a postura é muito simples e fácil: “está tudo mal e nós somos os únicos que somos bons e impolutos num mundo de corruptos e preguiçosos”. Deixem-me que vos diga: isto é simples, e às vezes, quando estamos chateados e irritados, até nos parece justo. Mas não é. Contrariamente ao que nos dá a entender a lógica maniqueísta dos comentários no Facebook, lamento informar: nem atirar umas larachas nas redes sociais resolve coisa nenhuma, nem um exército de contas falsas ou anónimas contribui minimamente para mudar nada.
É nos embates da vida real, na nossa participação efetiva na vida cívica – provavelmente sem o alarido ou o escândalo que se faz nas plataformas digitais – que conseguimos fazer melhor, envolver os nossos concidadãos, e promover diferenças efetivas na vida de todos. Quem faz, e está sujeito ao julgamento diário a que a vida pública obriga, assume frontalmente esse papel, e o que se pede aos cidadãos que, legitimamente, criticam e exigem, é que também o façam de forma desabrida. Porque precisamos de quem faz, mas também de quem fala, e eventualmente precisamos que quem faz fale mais com quem fala, e que quem fala também pense em fazer alguma coisa.
A fechar, quero deixar uma nota positiva, sobre quem faz: em Oliveira do Hospital, nos próximos tempos, entramos numa nova fase de construção – a residência de estudantes da ESTGOH, a requalificação e melhoria do Centro de Saúde, as futuras instalações da ESTGOH. É um grande investimento, em áreas que podem fazer uma diferença clara na vida das pessoas.
Sabemos, muitos por experiência própria, que a conclusão de obras, em particular de obras públicas, pode ter vicissitudes e demoras, mas não temos dúvidas que, quando concluídas, estas serão infraestruturas que nos darão melhores serviços públicos e contribuirão para o desenvolvimento do nosso concelho. E isso, por mais que se fale, é uma conquista que fica para todos e que temos de saudar. Qual é a moral que nos sobra para criticar se perdermos a capacidade de fazer elogios?