Entrevista com José Carlos Alexandrino.
Acredita que é com eventos como a EXPOH que consegue projetar a imagem e o nome de Oliveira do Hospital?
Tenho a certeza, até porque a experiência destes últimos quatro anos nos diz isso. Não tenho dúvidas que é através de eventos de grande qualidade que nos diferenciamos dos concelhos limítrofes. Além de outro aspeto que considero fundamental: todos estes eventos têm um impacto sobre a pequena economia local. Dou-lhe o exemplo da Semana da Moda, que foi um grande sucesso, e que contribuiu para estimular o negócio no comércio local.
O perfil da EXPOH corresponde aquilo que idealizava para uma feira deste género?
Ainda não. Não tenho dúvidas que este modelo é ainda um modelo muito interno e precisamos de lhe dar outra dimensão. Eu não estou completamente satisfeito, acho que foi bom o que fizemos até agora, mas já deveríamos ter passado para outro registo. E isso é termos capacidade de atrair a nossa indústria de base local. Temos duas áreas fundamentais no concelho que é a indústria dos têxteis e a agro alimentar, temos de pegar nestes dois setores e tê-los ali representados. Isto faz-se tendo pavilhões próprios para estas indústrias, de forma aos nossos empresários poderem convidar os seus clientes, convidar as grandes marcas a passarem por Oliveira do Hospital, para que a EXPOH seja uma oportunidade de negócio não apenas direto, mas a mais longo prazo. Mas para isso é preciso uma estrutura completamente diferente.
Eventualmente um espaço diferente também?
Foi muito polémico quando eu falei pela primeira vez que a EXPOH deveria sair do Parque do Mandanelho. Sou uma pessoa habituada a desafios, tenho lançado alguns e têm sido ganhos, porque não podemos estar agarrados só a este modelo. Esta não é a EXPOH com que eu sonho e gostaria de concretizar. Não foi possível neste mandato, também não é fácil darmos este salto, porque é preciso uma grande sensibilidade dos empresários para os conseguir captar, e é preciso acima de tudo muito tempo para fazer uma organização desse género. DE qualquer forma, apraz-me registar que temos vindo a ser cada vez mais procurados por empresas exteriores ao concelho, e que nós não deixamos entrar para não fazerem concorrência às nossas empresas.
Contudo este ano aposta num cartaz mais caro…
Em termos globais o orçamento desta EXPOH não é muito mais caro que o ano passado. Conseguimos fazer um bom negócio com o Tony Carreira e com o filho, porque as pessoas quando falam no dinheiro que se gasta nestes eventos, não sabem que muitas vezes são investimentos relativamente baixos face ao retorno que têm. Importa dizer que Oliveira do Hospital não está fechado em si próprio, Oliveira do Hospital e o seu presidente é um homem com boas relações de amizade em várias áreas, o que permite termos hoje no concelho um conjunto de eventos a um preço muito mais baixo e daria o exemplo da Volta a Portugal.
Os seus opositores dizem que é só festa, como comenta estas acusações?
O que eu digo a essas pessoas é que se eu não realizasse desta forma os eventos poucos os conheciam, e eles próprios têm aproveitado este eventos para se darem a conhecer, porque parece que ninguém os conhece. A vida política é feita de opções, o pior que nos pode acontecer é não sermos capazes de as assumir e de as defender. Estes eventos são muito importantes, hoje é reconhecido que a projeção e a marca Oliveira do Hospital é muito mais forte que há quatro anos atrás, isso demonstra claramente que é um caminho que eu tenho perseguido e tem tido resultados. Mas deixe-me dizer-lhe uma coisa: só prescindirei destes eventos quando não tiver dinheiro para acudir aos mais necessitados, porque os coloco à frente nas minhas prioridades. Em termos de obras o concelho não tem estado parado, mas eu admito até parar com algumas obras que, não as considero a primeira prioridade, para ter estes eventos. Não admito é ter pessoas com dificuldades e, não tendo verbas, então prescindiria destes eventos para apoiar essas pessoas. Esse é um desígnio que eu tenho como presidente do Município, é essa aproximação às pessoas e aos seus problemas. Não quero no meu concelho pessoas a viver mal, pessoas sem emprego, pessoas com fome, e por isso tenho estado disponível a contribuir para resolver os problemas das pessoas. Não tenho soluções para todos, sobretudo na área do emprego, mas temos feito muito, dentro das nossas possibilidades para minorar esses problemas. Sinto-me feliz, mesmo sabendo que não resolvi os problemas de toda a gente e que há pessoas à nossa espera, por ajudar a resolver alguns casos dramáticos.
É a isso que chama dar “tudo pelas pessoas”?
Nós temos que nos posicionar nas épocas e nos mandatos. Este é de longe o mandato mais difícil de sempre, com os diferentes governos a fazerem determinados cortes e leis que têm posto em causa o poder local. Esta lei dos compromissos tem estrangulado quase todos os Municípios. E Oliveira do Hospital também sentido esse garrote imposto às Câmaras Municipais.
Como é que vê a recente deslocalização do curso de marketing da ESTGOH para o ISCA em Coimbra?
Neste momento tenho alguns indícios do que se passou, mas este dossiê não está completo. Infelizmente o senhor Secretário de Estado da Educação, uma pessoa por quem tenho consideração, foi parte da solução no passado, demorou demasiado tempo a responder a um pedido de audiência que lhe tinha dirigido, e acabou por respondeu por escrito, desresponsabilizando-se por aquilo que aconteceu. Há uma verdade que tem de ser dita: o ISCAC só nos levou o curso porque houve um cardinal extraordinário cedido pela Secretaria de Estado a esta escola. Ao dar-lhe esse cardinal há aqui uma conivência de um conjunto de pessoas e que eu lamento. (leia mais na edição impressa)