Com direção renovada desde o início deste ano, e com uma pandemia pelo meio, a Cooperativa Agro Pecuária da Beira Central continua a fazer o seu caminho de crescimento na região, apostando naquilo que é o seu “ADN” – o apoio aos associados e agricultores, mas também com uma clara vertente de inovação e competitividade, que chega sobretudo através da formação profissional e apoio técnico.
Esta é provavelmente a grande aposta e preocupação do novo conselho de administração nos tempos que correm, antecipando aquilo que é a legislação nesta área e as novas tendências de mercado e modos de produção agrícola.
“Temos estado na linha da frente na formação profissional de COTS – Conduzir e Operar com Tratores em Segurança, porque a partir de agosto de 2022 quem não tiver essa formação poderá incorrer em coimas bastante pesadas”, exemplifica Maria da Guia Coutinho, gestora da Cooperativa, lembrando que esta é uma formação totalmente financiada e que tem tido uma grande adesão por parte de sócios.
Desde 2018, a Cooperativa da Beira Central conta com 20 ações de formação realizadas, num total de mil horas e 313 pessoas abrangidas. “Estamos a contribuir para um setor mais capacitado e também mais seguro”, garantem, acreditando que com estas ações de formação estão a ajudar a “resolver um problema dos agricultores” da região. Em preparação para avançar em 2022 está já a formação na área da agricultura em modo de produção biológico, entre outras (motosserras e motoroçadoras), acompanhando aquilo que são as novas tendências de consumo e hábitos de alimentação “saudáveis”.
“Tem vindo a notar-se que há algum regresso à agricultura familiar e de subsistência, mas os que chegam de novo estão voltados para a agricultura biológica e procuram aqui apoio técnico para esse tipo de agricultura”, adianta o engenheiro florestal, Gustavo Soares, há vários anos no gabinete de apoio técnico da Cooperativa da Beira Central.
A par desta preocupação crescente em oferecer formação adequada às novas necessidades dos associados e agricultores, a Cooperativa Agro Pecuária da Beira Central tem também alargado o leque de produtos que disponibiliza na sua loja situada na zona industrial de Oliveira do Hospital e em Arganil. “No último ano crescemos na ordem dos 10% nas vendas nestes dois espaços, fruto do aparecimento de novos pequenos agricultores e do regresso «à terra» de algumas famílias”, faz notar o engenheiro técnico florestal, que atenta para a importância do apoio que é prestado pelos serviços técnicos junto dos “novos” agricultores.
“As pessoas têm cada vez mais a preocupação em terem uma alimentação saudável e em consumirem produtos saudáveis e procuram aqui apoio para produzir esses produtos”, reforça o presidente do conselho de administração da Cooperativa da Beira Central, Luis Vaz Pato, que está há vários anos ao leme desta instituição oliveirense, conseguindo manter, modernizar e alargar cada vez mais o leque de produtos e serviços disponíveis nas duas lojas agrícolas e na loja “âncora” que é o supermercado, no centro da cidade de Oliveira do Hospital.
Também neste espaço a Cooperativa tem vindo a ganhar quota de mercado, atraindo e fidelizando novos clientes. “Felizmente temos uma faixa etária muito mais jovem a fidelizar-se à Cooperativa, isto aconteceu já depois da abertura de outras superfícies comerciais na cidade, mas o fator preço tem-nos distinguido e dado capacidade de competir com essas grandes superfícies”, garante o presidente, que sustenta este crescimento na “vontade” que a instituição tem de “servir o público” de forma cada vez mais “profissional”.
“Temos acompanhado as tendências de mercado” e “há muitos clientes de outros concelhos até a virem aqui fazer as suas compras”, verificam, olhando para a vinda, já anunciada, de mais concorrência para o centro da cidade sem receios. “O nosso núcleo de clientes dá-nos alguma segurança para olharmos para o futuro, e se nós conseguirmos oferecer o que os outros não conseguem, vamos continuar a ser procurados pelas pessoas”, considera o engenheiro Luis Vaz Pato, dando o exemplo da vasta oferta de produtos locais de qualidade que se encontram à venda no supermercado da Cooperativa e que são um fator distintivo.
“Queremos continuar a apostar nesses produtos, pena é que não exista já uma cadeia organizada de produtores locais, para podermos comercializar ainda mais produtos dos nossos associados e agricultores”, consideram técnicos e administração, empenhados em complementar tudo isto com a formação profissional, com o objetivo de continuar a transformar a pequena agricultura na região.