Município levou rebanho de ovelhas até Lisboa naquela que foi uma jornada de promoção e defesa do Queijo Serra da Estrela.
O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital lançou, ontem, o convite aos lisboetas para visitarem Oliveira do Hospital no próximo fim de semana, porque lá “podem ter a certeza, vão comprar queijo certificado”.
O apelo foi deixado em pleno Parque Eduardo VII onde a Câmara Municipal fez deslocar um rebanho de ovelhas, numa ação que teve como objetivo alertar para o risco de extinção de um produto como uma tradição ancestral como é o queijo da região da Serra da Estrela e ao mesmo tempo promover a 26ª Festa do Queijo Serra da Estrela que se realiza na cidade nos dias 11 e 12.
“Viemos hoje aqui numa grande jornada de promoção, porque estamos habituados a vir à cidade fazer contestação, mas hoje viemos fazer o contrário que foi promover aquilo que de melhor tem a nossa região”, deixou claro José Carlos Alexandrino, acreditando com esta iniciativa ter dado mais um contributo para a defesa da genuinidade de um produto que os portugueses elegeram como uma das sete maravilhas gastronómicas do país, e que pode estar em causa se não for apoiado.
Da parte da autarquia há trabalho de casa feito, nomeadamente no apoio à certificação do Queijo DOP. Este ano, pela primeira vez, o Município vai pagar integralmente o processo de certificação a todos os produtores DOP do concelho, precisamente para incentivar pastores e queijeiras a produzirem queijo de qualidade certificada.
A ação na capital contou com a presença do Ministro da Agricultura Capoulas Santos que anunciou a entrada em vigor dentro de poucas semanas de uma medida que obriga à menção da origem do leite em todos os produtos lácteos. Consciente da existência de muitos casos de adulteração do produto, em que o leite utilizado não é de origem nacional, Capoulas Santos entende que o novo diploma legal vai combater estas situações em dois sentidos: por um lado, “a garantia de que o queijo Serra da Estrela é feito com leite português” e por outro “o aumento do efetivo animal, já que se se verificar aumento da procura do leite, terá também de haver aumento do número de animais para produzirem a matéria prima”, explicou o governante, que prometeu também simplificar, “tanto quanto possível, a certificação do queijo Serra da Estrela, de que muitos produtores se queixam, mas sem pôr em causa “credibilidade do processo”.
Medidas que o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital aplaudiu de imediato, nomeadamente a obrigatoriedade da rotulagem do leite, entendendo o autarca que esta é “importantíssima para clarificar em termos dos consumidores o que estão a consumir”.
Também o presidente da ANCOSE – Associação Nacional de Criadores de Ovinos Serra da Estrela, Manuel Marques, revelou a medida anunciada pelo ministro, mas foi mais longe, pedindo um apoio “diferenciado” para os criadores de ovinos Serra da Estrela, de modo a aumentar a produção de leite. “Por este andar qualquer dia estamos na eminência de perder um dos ex libris da nossa região que é o nosso queijo Serra da Estrela” alertou, lembrando que nos últimos cinco anos o efetivo animal na região diminuiu de 120 mil para 80 mil.
A iniciativa na capital foi animada pelo nascimento de “Maria Lisboa”, a borrega que veio acrescentar o rebanho do pastor António Lameiras.