Um exemplar desta espécie invasora foi detetado há poucos dias por um apicultor das Quintas de S. Pedro.
Não podia ter sido pior “prenda” de Natal para o apicultor Sílvio Matias. Um dos maiores produtores de mel do concelho de Oliveira do Hospital acaba de detetar, junto da sua exploração, nas Quintas de S. Pedro, aquilo que já vinha temendo há algum tempo: um exemplar da vespa asiática, uma espécie invasora que tem destruído parte significativa das colmeias no norte do país.
Sílvio Matias ia a “passar” junto de uns recipientes onde coloca cera e mel para “captar” as abelhas e despertou-lhe a atenção para uma “coisa fora do comum”. “Quando cheguei ao perto disse logo para comigo que era uma vespa asiática”, conta o conhecido produtor oliveirense, com mais de 600 colmeias espalhadas pela região.
Para já, Sílvio Matias, ainda não consegue avaliar se a mais temida das pragas para os apicultores, que tem deixado um rasto de destruição sobretudo no Minho, é caso “isolado” ou se já existem ninhos no concelho. De qualquer forma, “isto é um alerta para o que se poderá vir a passar”, diz, receando pela redução dos enxames no concelho, caso se venha a confirmar a existência de ninhos. “Estas vespas têm uma atitude predadora sobre as abelhas, atacando-as no período entre agosto e outubro, o problema não vai ser a produção de mel este ano, o problema maior vai ser a redução do efetivo para o ano que vem e a consequente perda de produção”, relata o apicultor, lembrando que Oliveira do Hospital, apesar de não ter produtores com grande dimensão, tem muitos apicultores, estimando-se que produzam anualmente mais 25 toneladas de mel. “O apicultor amador, aquele que tem duas ou três colmeias, esse fica sem nada, porque as vespas vão matar as abelhas todas, agora nós os maiores ainda vamos conseguir sobreviver porque temos 20 e mais colmeias em cada sítio e aí elas não destroem tudo”, explica Sílvio Matias, receando que aquilo que é hoje um complemento de rendimentos de muita gente, possa ser destruído por esta espécie exótica e invasora.
Apesar de ter consciência que mais tarde ou mais cedo, esta praga iria chegar à região, o apicultor das Quintas de S. Pedro diz que “não esperava que aparecesse tão cedo”, porque “o que estava previsto era chegar em finais de 2015/2016”, conta. “A gente já sabia que era inevitável, mas quanto mais tarde melhor”, considera, lembrando que a nível local ninguém está prevenido para combater este “inimigo”. “As medidas de erradicação desta praga passam pela colocação de armadilhas”, refere, preferindo acreditar que a vespa que encontrou nas vésperas de Natal na sua exploração possa ser caso “único” e ainda não haja ninhos espalhados pelo concelho. “Isso era terrível”, afirma, alertando desde já as autoridades para o problema, de forma a serem tomadas medidas que possam minimizar os prejuízos para os apicultores, pois “parece que não mas o concelho já produz muitas toneladas de mel, que são uma mais valia para muita gente”.