Oliveira do Hospital vê nascer nova confraria.
É a terceira confraria com sede no concelho de Oliveira do Hospital e acaba de realizar o primeiro capítulo, em Vila Franca da Beira, depois de dois anos “em banho maria”.
Constituída em 2012 por um grupo de amigos que se junta há vários anos no dia 1 de novembro para comer os tradicionais torresmos na feira dos Santos, a confraria do torresmo beirão “oficializa” agora o gosto por esta iguaria, prometendo ainda aguçar o apetite a muitos outros pelo país fora, pois “o torresmo não é um exclusivo nosso”, garante o Confrade Mor, António Simões. Não sendo exclusivo de Vila Franca, os vilafranquenses pretendem, todavia, “defender” e projetar este manjar tipicamente beirão, na medida em que “foi sempre uma tradição desta terra” no dia da matança do porco, as famílias juntarem-se para comer os famosos torresmos.
“Em Vila Franca se houvesse 300 famílias, matavam-se 320 porcos por ano, porque todas a famílias criavam um ou dois porcos por ano”, recorda o Confrade Mor, para quem “o torresmo era obrigatório” em todas as matanças, que “culminavam sempre com este prato”. “Esta ideia da confraria não é de agora, andámos aqui dois anos a trabalhar nas vestes e na escolha do escapulário, mas nunca deixámos de ter as nossas reuniões”, refere António Simões justificando o período de tempo que mediou entre a constituição da Confraria e a realização do primeiro capitulo e a entronização dos primeiros confrades. “ Há mais de 30 anos que nos juntamos todos os anos na feira dos Santos para comer os torresmos, e daí isto evoluir para uma confraria”, explica ainda o confrade mor, não tendo dúvidas que embora este seja um prato típico de toda a região da Beira, “nós fazemos dos melhores torresmos”.
António Simões garante que além dos temperos, a qualidade do vinho e da carne, os utensílios usados na sua confeção são determinantes para um bom produto final. “Na maioria das casas os torresmos eram e ainda continuam a ser cozinhados em caçoilos de barro, sobretudo de barro negro, mas não havendo este, eram feitos em barro branco”, adianta o confrade mor que, este fim de semana, entronizou vários amantes do torresmo beirão, naquele que foi o capítulo de apresentação da novel confraria com sede no concelho de Oliveira do Hospital.
À semelhança da também recém criada Confraria dos Bolos e dos Licores de Ervedal da Beira, também a Confraria do Torresmo Beirão foi apadrinhada pela Confraria do Queijo Serra da Estrela, uma das mais antigas associações do género, que este ano comemorou 20 anos de existência. Na cerimónia de entronização, os novos confrades prometeram defender e divulgar o famoso petisco beirão, na cozinha e na mesa.