Tribunal deu como provado que homem de 33 anos violou a vizinha, deficiente, no Bairro social Manuel Rodrigues Lagos.
O Tribunal Judicial de Coimbra foi peremptório em condenar um indivíduo de 33 anos a 15 de prisão efetiva, em cúmulo jurídico, pelos crimes de homicídio qualificado na forma tentada, violação e roubo.
O individuo, residente à altura dos acontecimentos, no Bairro social Manuel Rodrigues Lagos, era vizinho da vítima, deficiente e portadora de uma grave doença de pele, e era conhecido no bairro por “fazer algumas asneiras”.
Também conhecido como o “Preto”, o homem ouviu a sentença através de videoconferência, a partir do Estabelecimento Prisional de Aveiro, onde se encontrava em prisão preventiva.
Tirando alguns gestos fugazes, o indivíduo, que já tinha cumprido quatro anos de cadeia, por roubos, não deu sinal de qualquer arrependimento, mesmo quando o juiz Miguel Veiga, que presidiu ao coletivo, justificou a dureza da pena, «pela barbaridade e selvajaria» dos atos perpetrados.
Foi ainda decidido avançar com uma indemnização, por parte do Estado, de cerca de 34 mil euros, confirmando o pedido do Ministério Público, que já alertava, na acusação «não ser de prever que o arguido venha a reparar o dano, nem que o mesmo venha a ser reparado por qualquer outra fonte, de forma efetiva e suficiente».
Em causa está o facto da vítima ser deficiente e, embora esteja a recuperar, lentamente, estar agora ainda mais incapacitada, nunca mais tendo regressado a casa.
O crime ocorreu no dia 7 de maio de 2016, de madrugada e terá tido como móbil a intenção do indivíduo conseguir dinheiro para ir a Coimbra à Queima das Fitas.
Terá sido por isso que se introduziu na casa da vizinha, depois de uma noite de copos e alguns estupefacientes, violando-a e agredindo-a violentamente até esta ficar estendida no chão praticamente inanimada.
De acordo com a convicção do tribunal, o individuo terá tentado tirar a vida à vítima, que o poderia identificar, batendo-lhe primeiro com um cabo de vassoura e, posteriormente, atirando-a de cabeça contra uma parede.
O arguido julgou que a mulher estaria morta e revistou então a casa, conseguindo roubar algum dinheiro e um telemóvel.
Além das pegadas deixadas pelas sapatilhas do arguido com marcas de sangue, também os vestígios de ADN confirmaram a sua presença na casa da vítima, sendo que as investigações apenas colocavam a hipótese de poder ser o pai do arguido, cujo telemóvel estava nesse dia em Santa Comba Dão, a cerca de 50 km do local do crime.
Vizinhos consideram 15 anos “pouco”
“15 anos ainda é pouco” é assim que alguns vizinhos reagem à pena a que “Preto” fora condenado, na semana passada, por ter violado e quase tirado a vida à vizinha do número 4 do Bairro Manuel Rodrigues Lagos. “Aquilo não se fazia a ninguém, muito menos a uma pessoa daquelas”, dizem, respirando agora de alívio pelo individuo ter saído do bairro, pois “ele andava sempre a fazer asneiras”. “Agora isto está muito mais calmo, não se compara”, garantem os moradores que, durante anos, viveram em pânico, sempre à espera de um dia verem os seus bens subtraídos. “A mim nunca me faltou nada, mas havia aí muitos assaltos”, relatam, lamentando que a vizinha não tenha voltado ao Bairro, por causas das lesões graves de que foi vítima.