S. Gião emocionado na despedida a Cristiana Brito

Funeral da jovem mãe, vitima do violento incêndio do passado dia 15, realizou-se na sua terra natal.

Dor e consternação voltou a marcar o funeral de mais uma vítima dos trágicos incêndios do passado dia 15 no concelho oliveirense.

Cristiana Brito, 44 anos, residente em Gramaços, foi a sepultar no dia 28, no cemitério de S. Gião, a sua terra natal e onde ainda quis regressar na fatídica de 15 de outubro para “ver” dos pais.

A vitima terá sido traída pelo fogo a poucos metros de casa, na descida da Catraia de S. Paio para Oliveira, quando a viatura onde seguia com o marido e a filha de 11 anos de idade, terá sido abalroada por outra, entrando em despiste numa zona de pinhal que já se encontrava a arder com grande intensidade.

Devido ao fumo intenso que se fazia sentir, Cristiana terá ficado desorientada, entrando no pinhal a arder, acabando por morrer carbonizada. O marido e a filha, que entretanto também tinham conseguido sair com vida da viatura, ainda tentaram procurar a mulher, mas já sem êxito, tendo depois procurado ajuda entre os moradores que se encontravam nas proximidades, já que a menina se encontrava com queimaduras graves na maioria do corpo, sendo percetíveis, no dia seguinte à tragédia, as marcas de sangue na via, enquanto procuravam auxílio.

15 dias depois da tragédia, centenas de pessoas fizeram questão de estar no último adeus a Cristiana Brito, prestando-lhe uma última homenagem. Também o padre António Martins, na missa de corpo presente, deixou uma homenagem “especial” a esta sangianense, “amiga da sua terra”, elogiando igualmente a “coragem” do marido, da “princesa Leonor” e de “toda a sua família”. “Nada pode derrotar o amor. Nem o fogo consegue consumir o amor” referiu o pároco, perante uma igreja inconsolável com a perda desta filha da terra. “Quero rezar pelas melhoras de todos os que ficaram feridos nesta luta desigual, de forma especial pela minha acólita Leonor (filha de Cristiana)” afirmou ainda o pároco, durante a homilia, apelando à esperança e ao coração firme dos oliveirenses no sentido conseguirem renascer de todo este sofrimento.

Palavras que emocionaram todos quantos quiseram acompanhar até à última morada, Cristiana Brito, cuja filha, Leonor, de 11 anos, continua a lutar pela vida no Hospital Pediátrico de Coimbra. Fontes próximas da família garantiram ao nosso jornal que o “prognóstico” da menina continua “reservado”, embora a evoluir “favoravelmente”. A menina terá sido submetida a uma intervenção cirúrgica, este sábado, que terá corrido bem, pelo que o seu estado de saúde é estável.

Ambiente de consternação que já tinha marcado os restantes cortejos fúnebres das vítimas, nomeadamente dos irmãos João e Paulo Costa, de Vila Pouca da Beira e ainda do jovem Pedro Neves, em Nogueira do Cravo.
Foram muitos os oliveirenses que marcaram presença no velório que decorreu na Casa Mortuária de Sant’Ana na cidade de Oliveira do Hospital, com o primeiro a seguir para o cemitério da cidade e o segundo para o cemitério de Vila Pouca da Beira. “Não há palavras”, comentava à saída a tia Isabel Lopes, registando a perda que os dois irmãos representa para a família, muito em particular para os pais e para o seu avô. Paulo, o irmão mais velho, deixa dois filhos menores. Conta a tia que os irmãos seguiam a pé em direção à quinta, onde a família tem uma pequena exploração de bovinos, quando terão sido apanhados pelo fogo. “Não chegaram lá”, lamenta, contando que só de manhã foram encontrados os corpos no pinhal em Vila Pouca da Beira. Antes da tragédia, a família estava reunida para comemorar o aniversário de casamento da tia Isabel Lopes e do marido, na sua casa, em Vila Pouca da Beira.

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