“A forma como temos sido tratados tem sido uma vergonha”

Alexandrino não poupa críticas em dia de comemorações do feriado do Município e promete não calar a sua “voz” enquanto não se fizer justiça com o concelho em matéria de acessibilidades

O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital voltou, ontem, a classificar de “vergonhosa” a forma como o último governo do PSD/CDS tratou o concelho em matéria de saúde.

Foi durante a habitual intervenção política no âmbito das cerimónias comemorativas do feriado do Município, onde lembrou a luta “titânica” que o seu executivo tem travado junto da tutela, para evitar a rutura dos cuidados primários de saúde no concelho. “Esta tem sido uma luta que temos travado para que aqueles que não têm dinheiro para pagar consultas particulares possam ter acesso igual à saúde”, afirmou o edil, voltando a considerar “uma vergonha” a forma como Oliveira do Hospital tem sido tratado nesta área, onde, acrescentou, “as pessoas sabem o que temos feito” para evitar o “caos” em termos de assistência às populações.

“Não cabe à Câmara Municipal ter de disponibilizar às populações os cuidados médicos, como tem feito com a unidade móvel de saúde, nem disponibilizar alojamento aos médicos que vêm trabalhar para cá, essa é uma responsabilidade do governo, com esse dinheiro podíamos fazer muitas outras obras, como saneamento, mas eu não dormia descansado sabendo que havia oliveirenses em sofrimento”, sustentou o presidente do Município, não deixando de manifestar a sua preocupação com o facto de mais de metade dos utentes inscritos no centro de saúde não terem médico de família.

Outra “mágoa” que Alexandrino aproveitou para voltar a “confessar” foram as acessibilidades, prometendo continuar a ser uma voz ativa na reivindicação deste anseio, que como frisou, “não é uma exigência do presidente da Câmara, mas de todos os oliveirenses” que se sentem injustiçados com o adiar da resolução deste problema. “Não deixarei de exigir a conclusão dos IC6 e IC7, enquanto tiver voz não me calarei sobre isto e peço que as outras forças políticas o façam e se juntem a nós nesta exigência”, apelou o edil, que considera os empresários oliveirenses uns “heróis”, lutando em “condições de desigualdade” comparativamente a outros concelhos.

Apesar de tudo, Alexandrino realçou a dinâmica empresarial “muito própria” do Município, julgando que “Oliveira é hoje um concelho sem complexos de inferioridade em relação a qualquer concelho do litoral”. “Os habitantes de Oliveira estão habituados a construir a sua própria felicidade, através do trabalho, do seu esforço, do seu empenho”, fez notar, não tendo dúvidas que à frente dos destinos do concelho os cidadãos têm também uma equipa que “tem como preocupação fundamental a resolução dos seus problemas”. “Hoje a nossa Câmara Municipal é reconhecida por ser uma verdadeira casa do povo”, afirmou o edil, aludindo às medidas de caráter social e ao novo estilo de governação que “inaugurou” na presidência da autarquia, que, adiantou, “vive diariamente de porta aberta para ajudar a resolver os problemas dos oliveirenses”. “Essa é uma marca que fica para a história”, fez constar Alexandrino, lembrando ainda o trabalho do seu executivo em áreas chave como a educação, que representa em termos de investimento 1,5 milhões de euros de orçamento municipal.

 

Filhos ilustres da terra e melhores alunos homenageados pelo Município

E se a noticia da implantação da República foi recebida em Oliveira do Hospital apenas dois dias depois, a 7 de outubro de 1905, dia escolhido pelo Município para assinalar o seu feriado municipal, José Carlos Alexandrino, não deixou de fazer também o “mea culpa” por algumas das personalidades e instituições agraciadas ontem pelo Município, pecarem por tardias.

O presidente da Câmara respondia sobretudo ao queixume manifestado pelo Provedor da Santa da Misericórdia de Galizes, instituição distinguida com a medalha de ouro do Município, que lamentou o “esquecimento” a que aquela IPSS concelhia tem sido votada pelo sucessivos executivos autárquicos em detrimento de outras que não desempenham um papel comparável à Santa Casa.

“Reconheço que andei distraído no tempo, e estava absolutamente convencido de que a medalha já tinha sido atribuída, de qualquer forma, como diz o povo «mais vale tarde do que nunca» e fico muito contente por ter sido o meu executivo a fazer justiça com esta instituição”, garantiu o edil, considerando igualmente tardia a homenagem ao antigo autarca de Seixo da Beira, já falecido, Higino da Costa Borges, que foi agora agraciado a título póstumo. “Devia ter sido dada em vida porque o senhor Higino foi um homem bom que serviu sempre a sua comunidade, sem se servir a si, pelo contrário, privando a sua família de muita coisa”, recordou o presidente, para quem a homenagem ao histórico militante e dirigente socialista do concelho, Francisco Garcia, não teve nada a ver com a sua cor política ou partidária, mas sim com “os valores e os princípios que este sempre defendeu”. “Foi um homem que lutou sempre por aquilo em que acreditou”, afirmou Alexandrino, entendendo que as condecorações do Município não devem ser “só para os ricos”, porque “há pobres e gente humilde que faz um grande trabalho pelas suas comunidades”, conclui, referindo-se ao mais antigo executante da banda filarmónica de S. Gião, Manuel Oliveira Cruz, que há de 70 anos serve uma causa: a música.

Recebeu igualmente a medalha de mérito municipal uma das mais antigas e emblemáticas instituições concelhias, a Cooperativa Agro Pecuária da Beira Central que assinalou 50 anos em 2014. Como é habitual nestas cerimónias, foram ainda premiados os melhores alunos do ensino secundário, escola profissional Eptoliva e Escola Superior de Tecnologia e Gestão, num gesto de reconhecimento ao trabalho e ao esforço não só dos alunos, mas das suas famílias, e de todos os agentes educativos que contribuíram mais uma vez para o sucesso escolar. Pela primeira vez nesta sessão solene, foram também atribuídos os prémios aos vencedores do Concurso Municipal de ideias de negócio – Empreender +, que voltou a premiar os melhores e mais originais planos de negócio, apresentados por jovens oliveirenses.

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