“Eu diria que é hoje o espaço mais instagramável do concelho de Oliveira do Hospital”

Passadiço do Açude da Ribeira foi inaugurado em Ervedal da Beira

A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital inaugurou, este domingo, o já famoso passadiço do Açude da Ribeira, em Ervedal da Beira, considerando ter valido a pena o investimento de cerca de 450 mil euros na requalificação de um espaço que é hoje um dos mais visitados e fotografados do concelho.

“Valeu o investimento para tornar este espaço mais valorizado, mais atrativo e que hoje junta semanalmente milhares de pessoas”, afirmava o presidente do Município, José Francisco Rolo, que não tem dúvidas que este local se transformou no mais “instagramável” em termos de referência turística do concelho de Oliveira do Hospital.
Sem nunca se referir aos críticos do projeto e à onda de protesto nas redes sociais a uma obra que chegaram a qualificar de “monstro”, o autarca preferiu falar na opção de “valorizar um espaço que estava abandonado e desvalorizado”, mas que “diz muito a muita gente” e “criar condições para que mais gente possa desfrutar deste espaço”. “Não valeu o sacrifício, valeu o investimento de 450 mil euros”, assegurou o edil, que também ele fez questão de partilhar as suas memórias de juventude no local, que é hoje a imagem do concelho mais partilhada nas redes sociais.
“Há uma memória, mas também há uma visão, e temos uma estratégia”, referiu Francisco Rolo, lembrando que a recuperação desta zona de lazer está alinhada com a aposta do Município na promoção do turismo verde e de natureza. “Está aqui um investimento para criar uma estrutura de visitação que aumente o número de visitantes e esse objetivo está conseguido”, afirmou, referindo-se à atratividade do passadiço/ponte que agora aproxima ainda mais as freguesias de Ervedal da Beira e Lagares da Beira, mas também aos 15 km de percursos pedestres criados na envolvente ao açude e ao longo do rio. “Ficámos todos melhor do que estávamos, este espaço ficou mais desfrutável por todos”, considerou, aproveitando para agradecer à família do Visconde de Ervedal, a cedência de um terreno para a implantação do passadiço.
A aproveitar o momento para responder aos críticos da obra e ao auto denominado movimento “Salvem o Açude da Ribeira”, o presidente da União de Freguesia de Ervedal da Beira e Vila Franca da Beira, Carlos Maia, acusou esses “iluminados” de tentarem denegrir o projeto com “falsos argumentos” de que este teria impactos negativos no leito do rio.
Ora, “o açude está ali como sempre esteve e como seguramente irá estar futuramente, na mesma, portanto, nada disto põe em causa o açude da Ribeira”, referiu, considerando que a contestação que alguns levantaram nas redes sociais “cai por terra”, e a prová-lo, disse, estão “as centenas e centenas de pessoas que se deslocam de fora para visitarem o nosso açude”. “Só por isso valeu a pena executar este projeto, porque é mais um ponto turístico que o concelho e a região vai ter”, frisou. A beneficiar desta intervenção, está a vizinha freguesia de Lagares da Beira que fica agora ainda mais próxima de Ervedal da Beira, através do percurso pedestre que foi criado desde o passadiço o açude.
Com “inveja” da freguesia vizinha, mas “muito contente” pela “magnífica ideia” de criar uma ponte que serpenteia o rio Seia, a presidente da Junta de Lagares da Beira, Olga Bandeira, não tem dúvidas, que este vai ser “um elo de ligação” entre as duas freguesias e todas as pessoas que se vão ali cruzar.
“Não houve aqui politiquices”
Em casa, o antigo presidente da Câmara Municipal e atual presidente da Assembleia Municipal, José Carlos Alexandrino, também não ignorou os críticos, garantindo que não lhe doeram as posições contra o projeto, mas sim a “demagogia” e a “mentira” com que foram ditas.
“Isso é que me dói, dizerem que é dinheiro do orçamento de Estado, quando nem dinheiro do orçamento municipal é, e se não viesse para aqui ia para outro país”, observou o atual deputado da Assembleia da República, aproveitando para clarificar a escolha da arquiteta que fez o projeto, depois de um órgão de comunicação social ter feito a ligação da empresa para a qual trabalha ao PS. “Eu não a conhecia de lado nenhum, como sabe”, atirou Alexandrino, lembrando que contactou a arquiteta Marta Falcão na sequência de uma obra que foi inaugurar enquanto presidente da CIM da Região de Coimbra, em Alvares, no concelho de Gois. “Gostei do que vi e um dia liguei-lhe a perguntar se a senhora queria vir aqui fazer um pré estudo para ver se nós gostávamos ou não” e “nós gostámos daquilo que vimos e foi por isso que lhe fizemos a adjudicação”, recordou, garantindo que “não houve aqui politiquices”, mas sim negociação e diálogo, nomeadamente com a família do Visconde Sebastião D`Argent de Albuquerque para a cedência de terrenos para a execução do projeto e “acho que é uma obra muito importante”, concluiu.
Antigo vereador do PSD considera a obra “perfeita”
Presente na inauguração, o ervedalense e antigo vereador da oposição, João Paulo Albuquerque, pode testemunhar o consenso que o projeto obteve em sede de executivo, mostrando-se também ele satisfeito com o resultado final. “Está perfeito”. “O monstro- como lhe chamaram- acabou por ser tornar a bela, a fazer jus ao nosso açude que deve estar prestes a fazer 200 anos”, fez notar o ex autarca do PSD, acreditando que neste momento esta será o ponto turístico com mais visitantes no concelho e até no distrito.
A terminar as intervenções, o Presidente da CIM Região de Coimbra, Emílio Torrão, fez notar que depois da pandemia as pessoas procuram cada vez mais estes espaços “especiais” de contacto com a natureza. A considerar o trabalho da arquiteta “muito bem feito”, proporcionando a quem o visita “poder contemplar e vivenciar o espaço nas várias perspetivas”, o autarca e presidente da CIM RC garante que este projeto vem ao encontro daquilo que são as tendências em termos de procura turística em todo o mundo.
“Os percursos pedestres estão e estarão na moda, as pessoas estão a voltar-se novamente para a natureza e há toda uma economia que anima e faz com que as aldeias e os lugares tenham vida, saúde financeira e continuem a fixar pessoas”, sustentou, não tendo dúvidas que, com este projeto, a Câmara Municipal está a “apostar no futuro”, aconselhando, por isso, os que têm estado contra a reconhecerem que a obra vai mudar este território, que já está a ser visitado por “imensas pessoas”.
Refira-se que a requalificação da zona de lazer do açude da Ribeira compreendeu a colocação de um passadiço/ponte que serpenteia a linha de água a jusante do açude, ligando as duas margens, bem como a delineação de trilhos pedonais, de um espaço de miradouro e de uma zona de estacionamento, beneficiando a fruição do espelho de água, da natureza e da paisagem característica do local, valorizando este património natural.
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