Candidato do CDS quer reduzir desemprego com impulso da economia da terra

José Vasco de Campos assume-se como a “alternativa à direita” em Oliveira do Hospital.

Na corrida autárquica desde dezembro, o candidato do CDS/PP à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Vasco de Campos, assume-se como um “homem da terra” que acredita no desenvolvimento do concelho, impulsionado pela valorização dos seus recursos humanos e naturais. Fixar pessoas através de políticas de apoio à criação de emprego efetivo, é o principal desafio do cabeça de lista do CDS, que traça como meta mínima eleger um vereador nas próximas eleições autárquicas.  

Como é que surge esta candidatura e com que objetivos?
Esta minha candidatura é uma candidatura independente com o apoio do CDS/PP e nasce da necessidade de preencher um espaço que sentíamos desocupado na política concelhia e, está desocupado porque preconizamos uma maneira de pensar e de agir diferente, muito mais centrada no valor da nossa gente e da nossa terra e muito menos assente na discussão político/partidária. Tive o cuidado, aquando da apresentação da candidatura, de afirmar que esta era uma candidatura pela positiva. Achamos que é possível uma intervenção pública construtiva, apresentando ideias e projetos diferentes para o concelho, não deixando de estar atentos e fazer apontamentos críticos, sempre que necessários, às opções de quem governa o concelho.
O que distingue o vosso projeto do dos outros partidos?
Só conheço o projeto político do atual executivo. O que nos distingue desse projeto tem a ver sobretudo com a aposta na valorização das pessoas e dos recursos naturais e endógenos do concelho. As pessoas que estão comigo têm uma dinâmica e um empreendedorismo próprio. Não vivemos dos partidos e para os partidos. Temos um projeto político centrado na nas pessoas, naquilo que elas podem fazer para melhorar a sua qualidade de vida e da dos que os rodeiam, no desenvolvimento sustentado do nosso território.
A que é que se está referir. Concretize:
Primeiro: um dos problemas mais prementes que temos para resolver é a perda de população. Conseguimos isso através da criação de emprego, nomeadamente através do apoio à criação de micro e pequenas empresas. Dou-lhe um exemplo: o concelho não tem uma estratégia sustentada e credível para o setor da agro indústria, que é um setor que está em franco crescimento, e um setor em que o concelho tem bons exemplos – temos empresas líder no agro alimentar – que nunca foram apoiados, não têm tido o reconhecimento devido do poder político local. Não é uma estratégia de milhões, são precisos provavelmente apenas alguns milhares de euros, e que passaria por facilitar o processo de internacionalização dessas empresas, nomeadamente das mais pequenas e menos profissionalizadas. Eu atrevo-me a dizer que há milhares de postos de trabalho a criar no concelho, se soubermos apoiar e juntar um conjunto de pessoas que já está hoje nestes setores, a outros que estão à procura de trabalho e que ainda não perderam a esperança de fazer alguma coisa pela sua terra. Temos a possibilidade de criar um cluster neste setor, reduzindo os níveis de desemprego no concelho, para os números a que estávamos habituados.
Mas não é isso que a BLC3 está a fazer?
Neste momento o que conhecemos da BLC3 são candidaturas a projetos. Não lhe conhecemos realidade prática. Eu falo em juntar um conjunto de empresas e levá-las a feiras nacionais e certames internacionais, direcionadas a este e outros setores de atividade, e também na criação de sinergias com a produção local. Podia também falar do setor das confeções, que continua a ser um dos principais empregadores do concelho, e acredito que ainda têm muito para dar em termos de crescimento, com a aposta na qualidade. Os nossos industriais têm caminhado cada um por si, têm sabido contornar a crise, mas o papel do poder político local, é aglutinar, é juntar este “know how” e ajudar os empresários a vender esta marca lá fora.
É conhecida a sua proposta em relação ao alargamento da EN17. Não acredita na concretização do IC6?
Infelizmente não acredito que o IC6 venha a ser feito nos próximos anos. No entanto não vamos deixar de lutar por ele, nomeadamente na ligação à A25 em Celorico da Beira / Fornos de Algodres. Agora o que nós defendemos com o maior afinco é a imediata requalificação da EN17 com retificação de curvas e alargamento a três faixas de rodagem nas zonas onde for possível. O estado em que se encontra a Estrada da Beira é terceiro mundista, não permite sequer a circulação de pessoas e bens em segurança. Isto não pode acontecer num concelho com pessoas e empresas que diariamente necessitam desta via para se deslocarem. Para fazerem a sua vida profissional e pessoal. E a proposta de alargamento não é irrealista: esta estrada já foi alargada para três vias nalgumas zonas dos concelhos por onde passa: Coimbra, Lousã, Poiares e Arganil. A beneficiação desta via é mais do que urgente.
Como é que vê o futuro da ESTGOH?
Preocupado com as recentes notícias que dão conta do chumbo de uma nova licenciatura, que por acaso, até estaria alicerçada, e bem, numa área estratégica como são as energias renováveis, mas ao mesmo tempo, esperançados que esta escola continue a fazer o seu caminho de crescimento. O Instituto Politécnico de Coimbra e o próprio Ministério da Educação têm que olhar para estas escolas como grandes polos de desenvolvimento do interior. O que seria de Coimbra sem a universidade, o que seria de Vila Real, de Bragança ou da Covilhã sem o Ensino Superior e os seus milhares de alunos? Oliveira do Hospital precisa muito desta escola. Alguém já fez as contas do dinheiro que alunos, professores e funcionários movimentam em Oliveira do Hospital? Do que isso representa para o comércio e serviços? As gentes de Oliveira sempre acarinharam esta escola e os seus alunos. Não tenho dúvidas que o futuro do concelho passa muito por este centro de conhecimento, não só pelo que anteriormente referi, mas também pela massa crítica que trás para os jovens do concelho e até para a fixação destes mesmos jovens e de outros que para cá vieram estudar. A escola tem que ser permanentemente dinamizada e tem que estar envolvida com a comunidade local, criando sinergias entre as partes.
Preocupa-o as taxas de desemprego no concelho, em janeiro atingiu o número recorde de mais de 1100 desempregados?
Não só me preocupa, como antevejo a consequência catastrófica para o concelho desse fenómeno, que é a desertificação a curto prazo do mesmo. Temos que travar este fenómeno. É esse o nosso grande desafio! Recuso-me a aceitar que nos próximos anos Oliveira do Hospital perca o equivalente à população do concelho de Góis, cerca de três mil pessoas, a atender aos números avançados pelo estudo que está a ser feito no âmbito do projeto educativo local. Recuso-me a aceitar que os nossos jovens, como está acontecer diariamente, saiam do nosso concelho, da nossa região, por falta de oportunidades. Reconhecemos aqui algumas medidas do atual executivo nesta área do emprego, como é o programa “Ativos Sociais”. No entanto estas deviam estar a ser direcionadas, na nossa opinião, para a iniciativa privada, e não funcionarem como mais um subsídio e um apoio que não é duradouro e provavelmente inconsequente.
Um dos serviços que tem estado ameaçado são as urgências do Centro de Saúde. Defende a regresso das urgências para o hospital?
Achamos que nunca de lá deviam ter saído. Está ali uma estrutura equipada com tudo, com médicos 24 horas, com condições para funcionar como uma verdadeira urgência. É inaceitável, que hoje em dia, os utentes se tenham de sujeitar a horas e horas de espera para serem atendidos, e ainda mais inaceitável é termos um centro de saúde, e não ter um Raio X a funcionar 24 sobre 24 horas. A unidade móvel, recentemente inaugurada pelo Município em parceria com a FAAD pode ajudar as populações mais distantes do concelho, mas isso não substitui a existência de um verdadeiro serviço de urgências, com médicos suficientes para o número de utentes e equipamentos de diagnóstico a funcionar, como acontece com o Serviço Básico de Urgência de Arganil, onde há pessoal médico, e equipamentos, mas com uma diferença: ali não há utentes.
Reforçou recentemente a ideia de criar no concelho um museu e centro interpretativo do queijo Serra da Estrela, como complemento à Festa do Queijo?
Oliveira precisa de âncoras turísticas. A Feira do Queijo tem tido um papel fundamental na promoção do queijo Serra da Estrela e do concelho. Mas não chega. A feira esgota-se num fim de semana. Necessitamos que a nossa ligação ao queijo Serra da Estrela perdure, se acentue. E isso passa, não só pelo apoio aos produtores de queijo, criando condições para a melhoria e desenvolvimento sustentado da sua atividade, mas também pelo apoio à comercialização, nomeadamente em mercados internacionais. A nossa proposta é que a Câmara, diretamente ou através de investidores privados, promova um Centro Interpretativo do Queijo Serra da Estrela integrado num complexo comercial. Esse centro interpretativo seria interativo, utilizando as mais modernas tecnologias, mas também com uma parte viva onde os visitantes teriam oportunidade de ver as ovelhas Bordaleira Serra da Estrela, os seus borregos, a ordenha, o fabrico do queijo, requeijão, etc. O complexo comercial teria um restaurante/bar, salas de eventos e ainda uma loja de produtos da terra de qualidade onde o queijo seria o rei. Não tenho dúvidas que esta iniciativa traria milhares de pessoas a Oliveira do Hospital durante todo o ano. Pessoas comiam, dormiam e faziam compras no nosso concelho.
No lançamento da candidatura afirmou que iria trabalhar para ser eleito vereador à Câmara Municipal. Acha que essa meta é exequível?
Esse é o nosso objetivo mínimo. Mas tudo faremos para ir mais longe. Acreditamos que uma boa parte dos Oliveirenses se reveem na nossa candidatura e nas nossas ideias. Somos a verdadeira alternativa à direita do atual Executivo. Vivemos cá. Cá constituímos as nossas famílias. Cá trabalhamos. Cá fizemos os nossos investimentos e criámos emprego. Acreditamos na nossa Terra e nas nossas Gentes. Acreditamos em Oliveira do Hospital.

 

 

 

 

 

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