Cerca de 30 trabalhadores da Socongo suspendem contratos de trabalho

Empresa de construção civil oliveirense deixou de pagar salários desde abril, alegando não ter trabalho.

Cerca de 30 trabalhadores da empresa de construção civil Socongo, com sede na zona industrial de Oliveira do Hospital, acabam de suspender os contratos de trabalho devido a salários em atraso, mas também à indefinição que dizem estar a viver desde o início deste mês.
Desde o passado dia 3 que a administração da empresa terá “mandado para casa” os colaboradores, que se encontravam, nos últimos meses, a trabalhar na construção de uma estrada para a Câmara Municipal de Elvas. “Não sabemos o que é que se passou, parece que as coisas correram mal, e o que sabemos é que viemos e não temos trabalho”, relatava ontem de manhã ao nosso jornal, um dos mais antigos trabalhadores da Socongo, Estevão Oliveira, ao mesmo tempo que fala em suspeitas de desvio dos bens da empresa para outras firmas.
“Trouxemos as máquinas todas e mandaram-nos tirar os autocolantes com o nome da Socongo, e entretanto há material espalhado em vários estaleiros”, dizem os colaboradores, que ontem estiveram reunidos com o advogado da empresa para tentar encontrar uma solução. “Sabemos que a Câmara de Elvas adiantou 200 mil euros à empresa e nem assim, não sabemos onde é que ele (patrão) meteu o dinheiro”, alega Estevão Oliveira, dizendo que muito “humildes” têm sido os trabalhadores, uma vez que têm “aguentado” trabalhar longe de casa e ultimamente sem receber um tostão.
“Isto é complicado, tenho a renda de casa, a prestação do carro e a escola da minha filha só com o ordenado da mulher é muito difícil”, lamenta ainda Graciano Mendes, 37 anos, há 8 a trabalhar na Socongo. “A gente cala-se por vergonha”, diz o mesmo trabalhador, para quem “toda a gente foi apanhada de surpresa” na semana passada com o abandono da obra em Elvas. “Material na obra há muito tempo que já ia faltando, mas não estávamos à espera de uma situação destas”, garante, apreensivo em relação ao futuro dos cerca de 30 colegas, pois “sempre tivemos trabalho e agora dizem-nos que não há dinheiro para os salários e não há trabalho”. “Estamos preocupados porque é a primeira vez que isto acontece, a empresa foi sempre certa a pagar”, referia um dos colaboradores, ontem, num plenário às portas do estaleiro na Zona Industrial de Oliveira do Hospital.
Vocacionada para obras públicas, nomeadamente construção de estradas e pistas de aeroportos, a Socongo foi responsável por várias empreitadas no concelho de Oliveira, nomeadamente a beneficiação da estrada Oliveira -Felgueira, mas também a requalificação do largo Ribeiro Amaral e ruas adjacentes em consórcio com outras construtoras, encontrando-se a trabalhar ultimamente para municípios na zona do Alentejo.
“Não sabemos o que aconteceu, para já não temos grande expectativa de trabalho e o salário atrasou foi a coisa pior, toda a gente precisa de receber, nós temos despesas todos os meses, não havendo salário é complicado”, adianta ainda outro trabalhador, dando nota da incerteza que vivem todos os colegas. “A única coisa que sei é que não pagaram, disseram-nos que não tinham dinheiro e tivemos que vir embora de lá de baixo”, diz António Silva, visivelmente preocupado, até porque “a gente olha à nossa volta e também não vê muito trabalho”.
O Folha do Centro tentou contactar durante o dia de ontem a administração da Socongo, mas esta encontrava-se indisponível até à hora do fecho da edição.

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