Nogueira do Cravo ameaça sair à rua para exigir cuidados médicos

3500 utentes da freguesia estão sem médico de família há três meses e temem que a situação se arraste como aconteceu em Lagares da Beira que há um ano que está sem médico.

Depois de Lagares da Beira, agora é a vez da segunda maior freguesia do concelho – Nogueira do Cravo ameaçar com um protesto nas ruas, para exigir aquilo que “sempre” teve e que vai para quatro meses que deixou de ter: médico de família.

A ameaça é do presidente da Junta de Freguesia, Luís Nina, que perante o desespero dos cerca de 3500 utentes que ficaram sem médico de família, em dezembro passado, na sequência da aposentação do clínico que ali prestava serviço, garante estar na disposição de endurecer a posição da autarquia com o objetivo de exigir a colocação de um novo médico para a extensão de saúde local. “Esta freguesia, desde que eu me lembro, nunca passou por esta situação, teve sempre médico de família, até chegou a ter dois, em tempos, porque tem cerca de 3500 utentes inscritos, e este posto médico está muito bem equipado, as pessoas é que já estão há três meses, vai para quatro, sem médico”, confirma o autarca nogueirense, que já a prever esta situação, com a saída do anterior médico de família, fez uma exposição junto da Administração Regional de Saúde, chegando a propor o nome de um médico que estava na disposição de prestar serviço nesta extensão de saúde.

“Estamos num ano de eleições e as entidades talvez para nos apaziguarem e não nos fazerem sair à rua nesta altura vão-nos dizendo que sim senhor estão atentos e que os nossos interesses serão salvaguardados que é uma questão de aguardar que os concursos se desenrolem, mas entretanto nada disso acontece e o que é certo é que estamos há três meses sem médico, já caminha para quatro meses”, faz notar o presidente da Junta para quem se nada for feito, ou seja, se o médico de família prometido pela ARSCentro para a Extensão de Saúde de Nogueira não chegar até ao final deste mês, o autarca diz que a população sairá à rua para exigir um direito que lhe assiste.

“Tenho conhecimento que já está um clínico no Centro de Saúde há mais de um mês que era para ser cá colocado mas até agora isso ainda não aconteceu e, como tal, essa hipótese das pessoas saírem à rua e manifestarem-se em frente ao posto médico está em cima da mesa e a qualquer momento isso irá acontecer”, adverte Luís Nina, lembrando que este é um tema que “mobiliza” toda a população. “Eu nem que vá porta a porta pela freguesia chamar as pessoas, fá-lo-ei com os meus colegas de executivo e da assembleia de freguesia, mas não será necessário porque este é um assunto que está a deixar as pessoas revoltadas”, faz notar o autarca, lembrando que a Junta de Freguesia não pode continuar a assistir impavidamente a esta situação “tão lesiva dos interesses dos utentes” e não tomar medidas mais duras, para exigir a colocação de médico de família na extensão de saúde da freguesia.

Luís Nina não deixa de reconhecer o empenho do executivo camarário, nomeadamente do seu presidente, José Carlos Alexandrino, que tem feito várias diligências junto das várias entidades para tentar colmatar esta e outras situações de falta de médicos no concelho, tendo conseguido, por enquanto, a colocação de dois novos clínicos no Centro de Saúde, o que não tem sido suficiente, contudo, para dar cobertura às extensões de saúde, sobretudo aquelas que têm maior número de utentes inscritos.

Exit mobile version