– OH, que se passa?

Vitor Neves – Gestor

Na cidade de Oliveira do Hospital, não há cinema, não há teatro, não há uma verdadeira sala de espetáculos, de eventos ou conferências e, até para jogar à bola com os amigos, só há campo acessível ao ar livre e com piso em cimento: já era assim quando eu era jovem…mas eu fui jovem há mais de 30 anos!

30 anos depois da vila ter subido a cidade, Oliveira do Hospital dá sinais de estar a descer, quando comparada com as algumas cidades vizinhas e até com algumas vilas, o que também se verifica no contexto das comparações com tamanho concelhio.

É preciso olhar muito para trás, para ver os tempos em que Oliveira do Hospital se posicionava como a cidade estrela da beira serra, num ombro a ombro com Seia. O dinamismo económico e empresarial, as melhorias contínuas, o surgimento regular de oportunidade e coisas novas, o ambiente social e o grande número de visitantes, e uma determinada “movida” noturna, que posicionava a cidade como um epicentro de boémia e lazer atrativo e de grandes ajuntamentos de juventude.

Hoje, visita-se Oliveira do Hospital e não se sente aquele “não sei quê” que torna as urbes vibrantes e apelativas.

Hoje, ao estar em Oliveira do Hospital, invade-nos uma sensação de falta de alegria, de dinamismo, de novidade, de vida.

A pergunta entranha-se: Oliveira do Hospital, que se passa?

Uma casa da cultura inacreditavelmente fechada há anos!!! Como é possível? Como é que ninguém se indigna?

Um estádio de futebol que não serve para competições nacionais e obriga o FCOH a jogar em casa…em Tábua. E que chatice: a equipa de futebol sénior não desceu de divisão!!!!

Uma EXPOH longe dos tempos áureos, que inova pouco ou nada, que passou do tamanho XL para o S e assim perdeu o estatuto de grande evento social, cultural e recreativo do verão.

Um vale do alva parado no tempo, ainda que sempre nos valha o esplendor da teimosa natureza, e que não consta sequer no mapa da moda de “plantação” de passadiços imponentes, que se percorrem em quase todo o lado! Com tanto rio, tanta encosta e…nada, nada mesmo – até a (única) bandeira azul voou…

Sim, há alguma animação, graças a muita carolice e gente dedicada, e boa performance desportiva: o futebol, o hóquei em patins e o basquetebol são bons exemplos, ainda que nem um relvado sintético para uso público exista na cidade….

Isto é, na cidade de Oliveira do Hospital, não há cinema, não há teatro, não há uma verdadeira sala de espetáculos, de eventos ou conferências e, até para jogar à bola com os amigos, só há campo acessível ao ar livre e com piso em cimento: já era assim quando eu era jovem…mas eu fui jovem há mais de 30 anos!

Enfim, não fosse o novo centro educativo, que está em construção, e a consolidação no panorama nacional da feira do queijo, e só restavam os supermercados como (novo) contentamento.

Oliveira do Hospital não tem, mas devia ter, um evento cultural marcante, inovador, com dimensão nacional como, por exemplo, o CineEco de Seia.

O despovoamento é uma realidade que importa estancar ou mitigar. Ora, quanto menos se tem e menos se faz, menos se fixam pessoas, menos se conquistam imigrantes, menos se atraem visitantes. E isso, para o presente e para o futuro do concelho e da cidade, é dramático.

Visto de fora, o que sempre pode equivocar mas não equivoca sempre, sente-se uma sociedade civil abúlica e resignada, e muito disponível para ir passear de popó para Coimbra ou para Viseu. No mesmo diapasão parece estar também o poder local, com um executivo municipal que parece pesado, cansado e pouco unido na alegria de estar ali, na cadeira onde se faz acontecer.

Este texto pode não servir para nada, e não serve, de todo, para a guerrilha bafienta da politiquice . Talvez merecesse a pena que este texto servisse para nos sobressaltar, para nos inquietar, para nos abanar, e até para simular até magoar o eco agudo da pergunta do topo da página:

– OH, que se passa?

…e, por favor, que não passe pela cabeça de ninguém, que Oliveira do Hospital precisa de construir uma nova igreja!

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