“Se houve aqui algum excesso foi de rigor e transparência”

Presidente da Câmara diz que os 19 tratores doados pela Cáritas “nunca estiveram escondidos, nem  foram guardados para os amigos”.

O presidente da Câmara de Oliveira do Hospital entende que se houve algum “excesso” no processo que levou à entrega dos 19 tratores doados pela Cáritas para distribuir pelos lesados do incêndio de 2017, foi de “rigor” e de “transparência”.

Numa conferência de imprensa onde desmontou, uma vez mais, uma reportagem televisiva do programa da jornalista Ana Leal, na TVI, o autarca oliveirense, justificou a demora na entrega dos tratores, que estiveram durante alguns meses estacionados nos estaleiros da Câmara Municipal, dizendo que este processo só levou o tempo que levou, por uma questão de “justiça” e de garantir uma “maior transparência de critérios”.

Isto porque a lista de possíveis beneficiários que a Cáritas enviou ao Município, além de ser muito mais extensa que o número de tratores que estavam disponíveis (ao todo 72 pessoas para 19 tratores), também acabou por não ser validada pelo Município, que tinha conhecimento de situações em que se iria verificar uma duplicação dos apoios. “Havia naquela lista pessoas que enviaram informações falsas”, afirmou o edil, no encontro com os jornalistas, onde apesar de ter agradecido a ajuda da Cáritas, não deixou de a considerar um “presente amargo” que ofereceu aos oliveirenses.

Alexandrino garante que a preocupação da Câmara foi “cruzar os dados” com as diversas entidades que tinham prestado apoio às vítimas dos incêndios, de modo a não haver duplicação das ajudas ou ajuda a pessoas que não cumprissem as regras, como aconteceu no concelho vizinho de Tábua, onde “foi dado um trator a uma pessoa a quem nunca tinha ardido qualquer trator”. “Pode ter demorado algum tempo, mas houve transparência, houve rigor”, afirmou o edil, garantindo que se fosse hoje, “voltava a fazer o mesmo” para “cruzar esses dados”. “Houve um trabalho gigantesco das nossas equipas, o processo de cruzamento da informação foi difícil e demorou mais do que aquilo que tínhamos previsto”, referiu o presidente, dizendo-se de “consciência tranquila” porque os tratores foram entregues com “base em critérios bastante justos”. “Para nós tinha sido mais fácil alhearmo-nos do problema e ser a Cáritas a entregar os tratores”, admitiu, garantindo que este foi um presente “amargo” pelos “dissabores que nos causou”.

Visado na reportagem da TVI também por ainda não ter “mexido” na conta solidária, que contabiliza um total de 74 mil euros doados pelos portugueses para ajuda às vítimas dos incêndios no concelho de Oliveira do Hospital, Alexandrino esclareceu que não o fez porque “ a Câmara não precisou de mexer na conta para apoiar as pessoas que precisaram de ajuda”. “Só em apoios diretos às pessoas gastámos mais de 120 mil euros, mas neste momento estamos perto de gastar um milhão de euros no apoio às vítimas, 74 mil euros dariam para muito pouco daquilo que nós fizemos do nosso próprio orçamento”, constatou o edil, lembrando que foi preciso também aprovar o regulamento municipal para atribuição dos donativos através da conta solidária, o que aconteceu em Dezembro, e a respetiva publicação em Diário da República. “Queremos que este dinheiro seja atribuído com transparência”, garante o autarca, que critica as tentativas de aproveitamento e até de protagonismo “à custa de reportagens na TV”.

Apesar das explicações públicas do autarca, o caso dos tratores não escapou às criticas do único vereador do PSD na Câmara Municipal, João Paulo Albuquerque, que acusou o presidente de “incúria” pelo facto de ter entregue os tratores só depois da reportagem da TVI.  Alexandrino rejeitou que os tratores fossem entregues depois da denúncia da TVI e lamentou a “manipulação” de que foi alvo, dando a ideia que “o presidente da Câmara queria ficar com os tratores e eu não quis ficar com trator nenhum”.
Já sobre a conta solidária, que angariou cerca de 74 mil euros, Alexandrino questionou porque é que em reunião de executivo de 6 dezembro e Assembleia Municipal de 28 de dezembro, ninguém pôs em causa a demora na distribuição dos donativos. “Eu sei porque não criticaram porque a Câmara Municipal apoiou todas as pessoas com problemas”, fez notar.

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