Um novo estudo, realizado no âmbito do projeto ESTGOH Sustentável, apoiado pelo Serviço de Saúde Ocupacional Ambiental, do Instituto Politécnico de Coimbra, revela-nos a perceção das medidas de sustentabilidade ambiental pelos consumidores de festivais de música em Portugal. Depois de dois estudos já divulgados, este é o terceiro estudo anunciado pelo projeto ESTGOH Sustentável.
Foram consideradas as dimensões Restauração, Reciclagem e Reutilização, Recursos Naturais e divulgação e promoção de ações relacionadas com a Sustentabilidade Ambiental.
No âmbito da restauração, este estudo revela-nos que uma grande fatia dos festivaleiros, 76%, indicam desconhecer se os produtos confecionados são da época e 65% desconhecem a origem dos alimentos. Para além da falta de informação acerca da origem ou época dos produtos, 76% desconhece se o desperdício alimentar é doado a instituições ou pessoas carenciadas. Apenas 5% relata haver disponibilização deste tipo de informação.
De acordo com o estudo, 46% dos festivaleiros discordam totalmente ou discordam com a facilidade de acesso a pontos de reciclagem, com apenas 38% acreditando que os produtos descartáveis são reciclados. Sendo de destacar que 58% dos festivaleiros indicam que não foi permitido o uso de produtos reutilizáveis de fora da organização, apesar de 36% referirem que os produtos usados no festival eram reutilizáveis.
Para além disto, 58% dos participantes referem que não foram utilizadas práticas para evitar o desperdício de água e que 60% indicam desconhecer se a origem da energia que alimentou o festival era de origem renovável, sendo que 64% ignoram o facto de o festival ter compensado a pegada de carbono provocada pelo evento.
Ainda no estudo, apenas 26% dos festivaleiros afirmam que os festivais divulgam muitas vezes ações relacionadas com práticas ambientalmente sustentáveis, sendo que 25% referem que os festivais nunca divulgam estas ações. Surgem assim números como os 44% de festivaleiros que referem que atividades relacionadas com a sustentabilidade ambiental não são promovidas.
Em perspetiva, são 82% os festivaleiros que indicam ser importante ou muito importante que um festival seja ambientalmente sustentável, em que 33% considera mesmo um critério de escolha de um festival.
Em suma, 33% dos festivaleiros avalia a sustentabilidade como sendo má ou muito má, em contraste com os 30% a avaliarem como boa ou muito boa.
Segundo Daniel Henriques, um dos autores do estudo, “os festivais de música são eventos muito populares, mas também têm um grande impacto ambiental. É fundamental que os organizadores adotem práticas mais sustentáveis e envolvam todos os participantes do evento nesta abordagem. Acreditamos que esta mudança pode ser um fator de diferenciação para os festivais e ajudá-los a atrair mais público e artistas de renome internacional.”
A realização deste estudo, como em vários já realizados pela ESTGOH, tem como objetivo principal estimular a adoção de comportamentos que permitam atingir a neutralidade carbónica, proteger a saúde, preservar o equilíbrio ecológico e promover a qualidade de vida da comunidade. Tendo assim sido recolhidos dados que permitiram traçar planos de ação, como o projeto webinar com a temática Sustentabilidade Ambiental a desenvolver no dia X.
Os dados deste estudo foram recolhidos entre 7 de novembro de 2022 e 4 de dezembro de 2022, numa amostra de 160 indivíduos.