Volvidos três anos do grande incêndio de 15 de outubro, o Município de Oliveira do Hospital continua a apoiar as vítimas daquela que é considerada a maior tragédia da história do concelho.
Esta quinta feira, e como forma de assinalar este momento marcante da vida de todos os oliveirenses, a Câmara Municipal entregou o resto da verba da conta solidária (cerca de quatro mil euros) que ainda não tinha sido atribuído, a que somou mais 24 mil euros, provenientes do orçamento municipal, para fazer face aos muitos pedidos de ajuda financeira que tinha recebido no pós incêndio.
A fatia que agora é disponibilizada pelo Município tinha sido inicialmente prometida pela Cruz Vermelha Portuguesa, que depois da polémica na comunicação social com a atribuição de verbas às vítimas de Pedrogão, acabou por recuar, e já não contribuir com qualquer valor para a conta solidária com as vítimas do incêndio de Oliveira do Hospital.
Com 74 mil euros na conta, de donativos provenientes dos portugueses, mas com pedidos de ajuda que excediam esse montante, a “verba esgotou-se” rapidamente e havia pessoas que ficariam de fora, se o Município não se solidarizasse e não disponibilizasse mais alguma verba, explicou o presidente, José Carlos Alexandrino, numa cerimónia simbólica que teve lugar no salão nobre da Câmara Municipal.
“Quero que sintam que isto é uma pequena ajuda”, afirmou o autarca que, estabeleceu um teto máximo de 1500 euros para ajuda aos lesados do incêndio que se candidataram à conta solidária. “O que eu gostaria era pagar a totalidade dos vossos prejuízos, mas há aí uns agitadores na comunicação social que só prejudicam, em vez de ajudarem”, referiu o edil, lamentando que a Cruz Vermelha não tenha concretizado um donativo de cerca de 30 mil euros à custa dessas pessoas.
Consciente de que há pessoas com muitos prejuízos para quem esta verba não é “significativa”, Alexandrino considera, todavia, que este “é um sinal de esperança e de estímulo do nosso orçamento municipal” para com as vítimas do fogo de 15 de outubro.
Com esta entrega o autarca pretende também encerrar este dossiê da conta solidária, onde, a certa altura, foi criticado por ter demorado demasiado tempo a disponibilizar as verbas aos lesados.
De “consciência tranquila” relativamente ao apoio prestado às vitimas, nos mais diversos setores, o vice presidente da Câmara, José Francisco Rolo, lembrou o “esforço” e “dedicação” do presidente da Câmara que não “parou por um minuto para resolver problemas das pessoas”, quer junto da CCDRC, quer noutros organismos do Estado, o que explica que 125 do total de 127 casas de primeira habitação destruídas pelas chamas, já estejam neste momento reconstruídas e reabilitadas, num investimento de 8 milhões de euros.
Rolo explicou ainda os motivos da demora na entrega das verbas da conta solidária, lembrando que foi necessário fazer aprovar um regulamento municipal de forma a que a o dinheiro que foi angariado fosse aplicado “com critérios transparentes e rigorosos”. “Nessa perspetiva de seriedade foi também retirada a análise das candidaturas da área política”, adiantou ainda o vice presidente, esperando que estes donativos possam ser mais um incentivo para o concelho de “reerguer”. “Acho que somos um povo que fomos ao fundo um dia, mas renascemos das cinzas, somo um povo corajoso”, verificou José Francisco Rolo, para quem o trabalho dos últimos três anos foi essencialmente “apoiar as pessoas”.