“Números assustadores” exigem “ampla reflexão”.
A escolha recaiu sobre o curso de Administração e Finanças, que ficou com 30 vagas por preencher. Engenharia Informática e Desenvolvimento Regional e Ordenamento do Território, este último lançado este ano, não tiveram, nesta derradeira fase, candidatos. Uma situação que, no entender da direção da escola, deve merecer uma ampla reflexão que ultrapassa em muito Oliveira do Hospital.
Carlos Veiga assume isso como uma preocupação muito clara e, tendo em conta que esta é uma fase residual, reporta-se aos resultados da segunda fase, fazendo notar que no universo de escolas dos Politécnicos do Interior, como Bragança, Guarda, Viseu, Portalegre e Beja, “cerca de 70% dos cursos ficaram com menos de 10 candidatos”, números que considera «assustadores em relação ao interior», com os quais os “números da ESTGOH estão em sintonia”. No entender do responsável da direção da Escola de Oliveira, há “fatores geográficos e demográficos que têm a ver com o interior”.
Mas a questão não se fica por aqui. Carlos Veiga sublinha um facto inquestionável: “o número de vagas existente no ensino superior é superior à procura” e esse registo, entende, “é penalizador para as instituições do interior. Quando a oferta de proximidade era inferior, as condições alteravam-se”.
O diretor da ESTGOH aponta, ainda, um outro número que, em seu entender, “também é assustador” e que se pretende com os “alunos que concluem o 12.º ano e não se candidatam ou não estão em condições se de candidatar ao ensino superior”, que se cifram em “praticamente metade” da população escolar com 18/20 anos. “Que soluções temos para estas pessoas, o que vão fazer?”, questiona. No interior, acrescenta, este problema é mais grave, “porque temos menos jovens e vemos uma geração que não prossegue os estudos e também não trabalha. Como podemos contribuir para resolver este problema? Que soluções temos para apontar?”, pergunta, numa reflexão que ultrapassa em muito a realidade da Beira Serra.
Carlos Veiga defende também algumas medidas. Em seu entender, «deveria haver um alargamento do processo de realização de concursos locais», uma vez que as «escolas do politécnico do interior têm uma função que ultrapassa as das escolas do litoral» e, acima de tudo, “garantem acesso à formação a uma população que, de outra forma, ficaria excluída”. A formação de adultos e ativos é, afirma, “uma necessidade”, da mesma forma que é necessária “uma ligação ao sistema produtivo e a entidades de formação e de qualificação profissional”. (leia mais na edição impressa)