Presidente da Junta de Travanca de Lagos diz que a freguesia e o concelho de Oliveira do Hospital, de um modo geral, estão a ficar desprotegidos em termos de serviços de saúde.
O presidente da Junta de Freguesia de Travanca de Lagos, António Soares, garante ter começado o ano de 2015 “com uma enorme preocupação” e diz-se disposto a lutar, por todos os meios, para que a população da sua freguesia volte a ter acesso “gratuito e eficaz” aos cuidados de saúde.
Em causa está a escassez, cada vez maior, de recursos humanos, sobretudo médicos, para prestar serviço não apenas na sua freguesia, mas no concelho em geral, onde a população, nomeadamente a de mais baixos recursos, começa, segundo o autarca, “a ter muitas dificuldades em aceder aos cuidados básicos de saúde”. Numa carta aberta dirigida ao Ministro da Saúde, o presidente da Junta de Travanca lembra que apesar do direito ao acesso gratuito à saúde estar consagrado na Constituição Portuguesa, “o panorama real desta freguesia e do concelho está longe de garantir aos cidadãos esse direito fundamental”.
António Soares fala do caso concreto da freguesia que lidera, onde foi encerrado, há já algum tempo, o posto médico, sem que “nada o substituísse”, o que criou problemas acrescidos à população que se encontra num processo acelerado de envelhecimento. “A população cada vez mais envelhecida e com poucos recursos económicos, que não é servida por boa rede de transportes, (que não existe em alguns casos) vê “nuvens muito negras” no horizonte próximo. As pessoas têm dificuldade em deslocar-se ao Centro de Saúde de Oliveira do Hospital, têm dificuldade na compra de medicamentos e nada de bom se avizinha”, considera o autarca, constatando ao mesmo tempo que o Centro de Saúde de Oliveira do Hospital começa a não dar resposta para os cerca de 23 000 utentes nele inscritos, sendo que, “dos 18 médicos que aí deveriam prestar serviço e nas extensões de saúde, apenas 8 asseguram as consultas nas extensões, ambulatório e Serviço de Atendimento Permanente (SAP) ”. “Sei que há médicos que fazem turnos seguidos, que trabalham para além daquilo que deveriam, mas também sei que muito em breve cerca de dois terços dos utentes podem vir a ficar sem médico de família, por falta de recursos humanos”, relata o autarca local, fazendo ver à tutela que nem toda a gente “pode ir às clínicas e pagar consultas e cuidados de saúde”
Inconformado com o que as pessoas estão a viver, António Soares, lança um apelo ao Ministro da Saúde, para repor apenas aquilo a que a população tem direito que é aos cuidados de saúde pública, questionando mesmo se os oliveirenses têm de ser forçados a abandonar a sua terra e “ir para as cidades engrossar as filas de espera, e as urgências, dos grandes centros, levando o país ao caos”. (leia mais na edição impressa)