Câmara Municipal de Oliveira do Hospital reuniu com empresários afetados pelos fogos e admite que as ajudas, sobretudo, na área agrícola “não chegam” para repor os prejuízos.
A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital reuniu com os cerca de 85 empresários total ou parcialmente afetados pelos trágicos incêndios do dia 15 no concelho, mas o que era aguardado com grande expectativa pelos industriais e agricultores que eram as linhas de apoio disponíveis para a recuperação do tecido económico e produtivo local, acabou por saber a pouco para a esmagadora maioria dos presentes, nomeadamente para os empresários do setor agrícola e florestal.
Vasco Campos, presidente da CAULE – Associação Florestal da Beira Serra, partilhou precisamente esse sentimento, considerando as medidas anunciadas “insuficientes” face à devastação que o setor sofreu. “Não nos vamos conformar com comparticipações de 50%, isso não chega para restabelecer o potencial produtivo das explorações, queremos no mínimo apoios iguais aos das outras empresas”, reivindicou.
Outra voz inconformada foi a do produtor de queijo Serra da Estrela, Paulo Rogério, que se mostrou “triste” e “descriminado” com as ajudas anunciadas, o que o faz repensar “sobre se vale a pena continuar”. “Somos mesmos os parentes pobres, já vínhamos de um verão complicado por causa da seca e agora somos penalizados porque somos produtores, estas medidas são um desincentivo”, afirmou, juntamente com outros produtores igualmente afetados pelos fogos.
Apesar das ajudas à indústria serem bem maiores, na ordem dos 85% a fundo perdido, os empresários atingidos não se mostraram satisfeitos e dizem que para quem “perdeu tudo”, não basta as ajudas serem direcionadas apenas para os equipamentos. “É preciso também apoios para matérias primas para começarmos a trabalhar”, advertiu Jorge Gouveia para quem “deve ser Bruxelas a apoiar” os restantes 15% que o Orçamento de Estado não irá cobrir. Apesar de considerar as medidas “bem-vindas”, o presidente da Câmara, José Carlos Alexandrino, admitiu, também, que estas “são poucas” nomeadamente para uma “área tão sensível” como é a agricultura. “Nós temos aqui muitas explorações que perderam os seus animais, que são essenciais para a produção do nosso queijo Serra da Estrela, e só vão ter uma comparticipação de 50%, aquilo que queremos é que sejam alocadas verbas próprias do OE até aos 85% para as pequenas explorações”, defendeu o autarca, prometendo ser “a voz inconformada destes nossos empresários”.
Presente neste encontro com os empresários, a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, destacou a rapidez com que foram anunciadas as ajudas às empresas, entendendo não haver qualquer discriminação em relação aos agricultores, uma vez que “são regras comunitárias” que definem os apoios a este setor. Em causa está uma linha de financiamento de 100 milhões para acudir a cerca de 300 empresas total ou parcialmente destruídas pelos fogos de dia 15 de outubro na região. Os avisos de concurso vão abrir já no dia 6 de novembro.