Ganhar é sempre melhor que perder, e esta vitória do centro-direita deu ânimo às hostes para falar numa “onda de mudança”, com as juventudes locais do PSD e do CDS a terem sido muito presentes na candidatura da AD.
Feitas as contas, as Legislativas 2024 terminaram, no concelho de Oliveira do Hospital, com uma vitória da Aliança Democrática (PSD/CDS-PP/PPM), com 35,38% dos votos, contra 31,93% do Partido Socialista. Somadas, as duas maiores forças políticas conquistam 67,31% dos votos.
O valor é inferior aos esmagadores 80,15% de 2022, altura em que um PS aditivado por José Carlos Alexandrino subiu a um score de 48,66%, maior percentagem de sempre dos socialistas no concelho, mas continua superior ao total nacional dos dois maiores partidos, em que a soma não vai além dos 58,15%.
Por aqui, o efeito Chega também se fez sentir, com um aumento de 1.354 votos face às últimas eleições, mas não parece pôr em causa a bipolarização no concelho, mesmo sendo um alerta para PS e PSD.
A falta de uma estrutura local significativa, após um conflito interno que levou a deserções, ou uma tendência para o voto útil, potenciada por um círculo eleitoral que só elege nove assentos na Assembleia da República, podem ter limitado o efeito desta força de extrema-direita, que fica a mais de 15 pontos percentuais do segundo classificado, mas indica já um bloco significativo de eleitores descontentes.
Apesar disso, e tendo em conta as vicissitudes que o Chega enfrentou a nível local, não parece credível que o cenário se altere a tempo das Autárquicas do ano que vem.
Assim sendo, e sobretudo se tivermos em conta que, nesse ato eleitoral a nível local, quer a coligação PSD/CDS, quer o PS, deverão apresentar-se em máxima força, é seguro dizer que continuará a ser entre esses dois blocos políticos que a próxima decisão acontecerá. Uma coisa é certa: ganhar é sempre melhor que perder, e esta vitória do centro-direita deu ânimo às hostes para falar numa “onda de mudança”, com as juventudes locais do PSD e do CDS a terem sido muito presentes na candidatura da AD, e com uma dinâmica já visível em pequenas iniciativas ao nível local, que dão algum fôlego de futuro a estas forças numa fase em que a política continua a atrair pouco os mais jovens.
Do lado do PS, contudo, continua o facto de ser a força incumbente, numa fase em que a conclusão da obra da Zona Industrial, o anunciado investimento na requalificação do Centro de Saúde, ou a esperadíssima finalização e inauguração das obras na Casa da Cultura, a par com vários eventos de grande adesão popular, podem dar um fôlego adicional à gestão socialista, cujo início de mandato foi ensombrado pelas consequências da crise inflacionária e falta de mão de obra para a conclusão de obras públicas, cujo atraso acabou por ser penalizador da popularidade do executivo municipal.
Este último ano e meio será determinante para entendermos se o PS está capaz de segurar a larga vantagem que teve depois de três maiorias absolutas seguidas, alicerçada na forte ligação e contacto que tem com as populações, ou se PSD/CDS conseguem coligar os insatisfeitos e apresentar uma visão clara de um rumo alternativo para o concelho.
Mas há factos, para mim, adquiridos: será na resposta aos problemas que mais preocupam as pessoas, e não na jogatana política ou nas fratricidas lutas por um lugar mais alto nas listas que se vai fazer diferença.
Aguardam-nos tempos interessantes. Vai valer a pena ficar atento.
Pedro Miguel Coelho
Jornalista do “Expresso”