Mário Loureiro entende que o evento proposto pelos vereadores laranja não acrescenta nada às iniciativas levadas a cabo atualmente pela Câmara Municipal.
A maioria do Partido Socialista na Câmara Municipal de Tábua acaba de chumbar uma proposta dos vereadores do PSD, para a realização de uma semana gastronómica no concelho, durante o período de verão.
A proposta que, de acordo com o vereador Nuno Abranches Pinto, não pretende colidir com aquilo que a Câmara Municipal já faz nesta área da promoção dos produtos locais, é justificada essencialmente pelos autarcas da oposição, com a necessidade de realçar a “componente económica” destas iniciativas, alertando sobretudo para “o potencial comprador dos grandes clientes locais para os nossos produtos”. Ou seja, como sublinhou Abranches Pinto, mais do que um evento meramente gastronómico, esta semana teria como objetivo chamar a atenção para o potencial de negócio e para os “canais de compra e venda” que se podem estabelecer entre clientes e consumidores locais. “Não queremos colocar de forma nenhuma em causa aquilo que tem sido feito, mas apenas contribuir para que outras iniciativas existam e nasça aqui uma continuidade estratégica nesta matéria”, aludiu o autarca eleito pela coligação PSD/CDS-PP, tendo chegado a pedir “algum espirito de abertura” à maioria no executivo para fazer aprovar esta iniciativa, que segundo os vereadores do PSD seria “interessante” a somar ao que já é feito nesta área.
Entendimento diferente tem o presidente do executivo, Mário Loureiro, que não deixou de estranhar até o facto dos vereadores do PSD virem propor um evento desta natureza, quando os próprios deputados da bancada social democrata na assembleia municipal “votam contra tudo quanto é iniciativas”. Além disso, Mário Loureiro considera que este evento gastronómico iria “colidir” com outros já realizados pelo Município, tendo “custos inerentes” que nem sequer estão previstos no orçamento e plano de atividades.
Outra desvantagem da proposta avançada pelos vereadores laranja, segundo o presidente do Município é a época do ano em que pretendem realizar esta mostra – durante o mês de agosto, quando “todos os nossos produtos gastronómicos são tipicamente de inverno, como o queijo, os enchidos, a matança do porco”, exemplificou o edil, não fechando totalmente a porta a um evento destes, mas tendo “dúvidas” em relação à sua viabilidade, pelo menos nos moldes em que a proposta foi apresentada, propondo a atribuição de um prémio de participação aos produtores/participantes. “Pessoalmente sou contra isso, porque a experiência do passado, em relação à feira do queijo diz-nos que apareciam ali pessoas que nada tinham a ver com a produção do verdadeiro queijo Serra da Estrela, só para receberem o prémio”, adiantou ainda o edil, que assumiu o voto contra esta iniciativa.
Também a vereadora da cultura, Ana Paula Neves, lembrou que muito daquilo que é agora proposto pela oposição PSD no executivo, já é feito durante o ano pelo Município, através de vários eventos como a Feira do Queijo com a feira das tasquinhas, a FACIT e as Festas de Tábua, pelo que “se queremos fazer aqui alguma coisa mais genuína, temos que abarcar pratos típicos, como a lagarada, os nossos torresmos que são completamente diferentes do que se faz na região, mas tudo isto são pratos de inverno”. Paula Neves entende, todavia, que este não deve ser um projeto “fechado”, embora fosse dizendo que “ a melhor mostra dos produtos locais é o nosso mercado municipal ao domingo”, onde se concentram dezenas de produtores de Tábua, para venda das mais diversas iguarias típicas do concelho.
Uma opinião partilhada pelo vereador Ricardo Cruz, que não disse não entender a proposta dos vereadores do PSD, quando Tábua tem hoje um conjunto de eventos com o mesmo objetivo, lembrando igualmente que a componente económica frisada pela oposição, tem sido promovida quer através da dinamização do mercado municipal, onde produtores locais e consumidores se encontram semanalmente para fazer negócio.