O Município de Oliveira do Hospital voltou a reinventar-se, abrindo as portas este sábado aquela que já é considerada a maior feira/festa do Queijo Serra da Estrela digital.
Realizada numa parceria com os CTT e o Dott – o maior shopping on line de Portugal, todos os produtos transacionados nesta feira, que se vai prolongar durante um mês, e à qual se juntaram também os néctares do Dão produzidos no concelho de Oliveira do Hospital, vão ter custos de envio grátis para todo o país, assegurados pela autarquia.
Na abertura do certame, que decorreu nas redes sociais do Município de Oliveira do Hospital, e que contou com a presença da Ministra da Agricultura, o presidente da Câmara Municipal, José Carlos Alexandrino, começou por lembrar que este é um sinal de que o seu executivo “não desiste dos seus sonhos e dos seus projetos para continuar a desenvolver o território” e que “soube encontrar novos caminhos”.
“Não desistimos desta festa/ feira”, fez notar o edil que, além de ter como objetivo ajudar os produtores a escoarem os seus produtos, é “uma forma das pessoas que vinham todos os anos a esta feira, não se afastarem dela”. “Porque nós não vendíamos só o queijo, vendíamos também o nosso património”, sublinhou o edil, para quem este novo formato “é uma forma de mostrar que a nossa feira está viva e de dizer que estamos cá e que quando isto melhorar que havemos de cá voltar”.
“Apostámos numa feira muito mediatizada, com investimento, com o objetivo claro de vender os nossos produtos e de chegar a essas pessoas”, referiu na sessão de abertura do certame que, como fez notar, “tem uma programação tal e qual como se fosse presencial”, com várias iniciativas desde exposições, atelieres para os mais novos, showcookings, o lançamento de um livro que compila as receitas que ganharam os sucessivos concursos de gastronomia à volta do queijo Serra da Estrela nos últimos 10 anos, e claro a presença nas TV´s. “Espero que seja um sucesso”, concluiu o edil que criou a “imagem de marca” desta feira, tal como ela é hoje.
Também o seu vice-presidente e presidente das Aldeias de Montanha, José Francisco Rolo, frisou todo o trabalho e investimento deste executivo que apostou, desde o primeiro mandato, num novo modelo de feira, transformando-a numa “grande operação de promoção do concelho” e dos seus produtos locais de qualidade.
Um projeto que, apesar de ter saído lesado com a pandemia, o Município soube mais uma vez reinventar, afirmou José Francisco, que sublinhou a capacidade de inovar e de “arriscar” da Câmara Municipal para manter este certame “vivo” e como a grande “marca” distintiva da região do queijo Serra da Estrela.
E porque não há feira sem pastores, nem queijeiras, o presidente da Associação Nacional de Criadores de Ovelhas Serra da Estrela (ANCOSE), Manuel Marques, agradeceu ao Município de Oliveira do Hospital todo o investimento que tem feito na promoção da feira, como na ajuda aos produtores, nomeadamente depois dos incêndios de 2017, em que desapareceu parte do efetivo da ovelha bordaleira na região.
“Conseguimos repor todo o efetivo perdido nos incêndios, com a criação do centro de recria” e isso conseguiu-se graças “ao trabalho de proximidade com o Município que com a sua equipa foi sempre o suporte da Ancose”, referiu o seu dirigente, considerando também ele este certame o maior da região demarcada do Queijo Serra da Estrela. “Oliveira do Hospital faz um excelente queijo e uma excelente feira”, sublinhou, acreditando, pese embora todas as dificuldades, no futuro da pastorícia.
Aliado fundamental do queijo Serra da Estrela, o presidente da Região de Turismo do Centro, Pedro Machado, entende que “esta feira não pode deixar de acontecer”, ainda que neste formato, por aquilo que representa em termos de promoção de um produto e de uma região. Pedro Machado lembrou até que com “as tendências que este tempo trouxe”, “há setores potenciais ganhadores, como a agricultura, o comércio tradicional e os negócios digitais”, pelo que “temos todos de nos saber adaptar”, frisou.
“Estas feiras virtuais vieram para ficar”
A presidir à abertura da Feira, pelo terceiro ano consecutivo, e em formatos completamente diferentes (em 2019 inaugurou presencialmente e de Tuc Tuc, juntamente com Marcelo Rebelo de Sousa) a Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, começou por referir exatamente a “adaptação” e “resiliência” que têm sido necessários neste tempo de confinamento.
“Esta pandemia pôs em causa o funcionamento das coisas e tivemos de nos adaptar”, referiu, não tendo dúvidas que “esta feiras virtuais vieram para ficar”. “Todos nós sentimos necessidade do contacto físico, de uma feira física, mas temos de insistir não só no modelo convencional, mas também neste modelo” sublinhou a ministra, destacando, no último ano, o aumento das exportações e a diminuição das importações do agro-alimentar, num equilíbrio da “nossa balança comercial” que só foi possível graças à preferência dos consumidores internacionais, mas também dos portugueses.
“Estamos atentos ás especificidades e aos problemas destes territórios, mas também às oportunidades, no desenho das novas políticas públicas”, acrescentou ainda a governante, lembrando as várias linhas de apoio para o setor e aquilo que irá marcar o próximo ciclo de investimento no quadro da reforma da PAC, mais alicerçado na digitalização e na sustentabilidade ambiental.
E porque o futuro começa hoje, como citou a própria Ministra Maria do Céu Antunes, a feira/festa de Oliveira do Hospital faz-se já nas plataformas digitais, com a parceria da Dott e dos CTT, cujos representantes marcaram também presença na abertura virtual do certame para garantir que estão ao lado dos produtores de Oliveira do Hospital nesta nova forma de comercializarem os seus produtos.
Até ao próximo dia 13de abril, o queijo Serra da Estrela volta a ser o grande embaixador do concelho de Oliveira do Hospital e só está mesmo à distância de um “click”.