O PSD de Oliveira do Hospital está contra a disponibilidade da Câmara local para acolher refugiados e quer que, em vez disso, o município ajude os oliveirenses que mais necessitam, aumentando, por exemplo, os incentivos à natalidade.
“Canalize-se essa vontade numa maior ajuda aos oliveirenses e aos portugueses que mais necessitam”, aumente-se, “por exemplo, os incentivos à natalidade” e ajude-se “quem realmente precisa”, afirma o PSD de Oliveira do Hospital numa nota hoje divulgada.
O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, José Carlos Alexandrino, independente, eleito pelo PS, anunciou na terça-feira que tinha enviado uma carta ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, manifestando a disponibilidade do município para acolher “dez famílias de refugiados que tentam chegar à Europa” e para as integrar na comunidade.
Para a comissão política do PSD daquele concelho do norte do distrito de Coimbra, “o discurso paternalista” do presidente da Câmara “soa a falso e não é compaginável com a frágil situação do país e muito menos do concelho”.
É “uma falta de coerência e de respeito para com os oliveirenses” afirmar que “há, aparentemente, disponibilidade para ajudar os de fora” e não ajudar “de forma efetiva as pessoas da terra”, afirma o PSD, no mesmo comunicado, subscrito pelo presidente da comissão política da secção de Oliveira do Hospital, Nuno Vilafanha.
É necessário ajudar uma terra “onde há tantas pessoas desempregadas, onde tantas outras são obrigadas a abandonar o seio familiar, o seu concelho e mesmo o país, onde muitos idosos mal sobrevivem e onde poucas crianças nascem por falta de condições económicas”, sustenta.
Os sociais-democratas de Oliveira do Hospital nada têm “contra os refugiados ou imigrantes ilegais que, arriscando a sua vida, procuram melhores condições de vida”, mas “infelizmente, Portugal não têm condições para os receber e nem a isso deve ser obrigado”, afirma a mesma nota.
“Não podemos ter medo de não sermos politicamente corretos quando estamos a falar na defesa do povo português e em particular dos oliveirenses”, sublinham ainda os sociais-democratas de Oliveira do Hospital, “certos que muitos, se calhar a grande maioria” dos oliveirenses, “não concordam com o posicionamento” do presidente da Câmara.
A maioria dos oliveirenses “não desejam cá esses refugiados que irão, seguramente, viver à custa da nossa debilitada segurança social ou em atividades obscuras e sem controlo”, sustentam os sociais-democratas.
O PSD quer, entretanto, saber onde “ficarão alojados”, em que condições, quanto vai “custar esses alojamentos”, onde vão trabalhar, “quanto tempo cá ficarão” e “que perigos representam” os refugiados que Oliveira do Hospital se propõe acolher.
Oliveira do Hospital é “um município verdadeiramente inclusivo que se pauta pelos valores da solidariedade” e “não consegue ficar indiferente ao drama humano que as diferentes guerras de intolerância político-religiosa têm produzido”, afirmou, na terça-feira, José Carlos Alexandrino, revelando que já tinha escrito ao primeiro-ministro manifestando a disponibilidade do município em receber dez famílias de refugiados.
“Sabemos que é apenas um pequeno auxílio”, pois são muitos os refugiados, mas pode ser que “este exemplo seja seguido por outros”, sustentou o presidente da Câmara daquela cidade.
Lusa