Oliveira do Hospital.
O Município de Oliveira do Hospital quer envolver os estrangeiros residentes no concelho na vida e nas atividades da autarquia. A garantia foi deixada pelo vice presidente da Câmara Municipal, naquele que foi o primeiro encontro com a população estrangeira radicada no concelho, com o objetivo de debater preocupações e interesses comuns destes cidadãos, alguns deles com residência fixa no concelho há mais de 20 anos.
Estima-se que atualmente existam mais de mil os estrangeiros a residir em Oliveira, alguns deles com projetos de investimento conhecidos sobretudo na área do turismo, havendo ainda muitos outros investimentos privados que no entender de José Francisco Rolo “têm trazido para o concelho um enorme capital económico e financeiro que não pode ser desperdiçado”.
“Num contexto de perda de população nas nossas aldeias, estas pessoas podem voltar a dar vida a estas comunidades, fazendo com que locais e quintas que estavam abandonadas possam estar ocupadas”, refere o vereador com o pelouro do turismo, lembrando que o setor da construção civil é hoje em dia “animado” em boa parte por estes cidadãos, que dão trabalho às empresas locais, quer na recuperação de imóveis antigos, quer na própria manutenção das suas casas e quintas. “Há empresas neste setor a trabalhar 90% para estrangeiros”, sublinha Rolo, apostado numa “integração” mais “ampla” destes cidadãos na vida associativa e cultural das comunidades onde estão inseridos.
“Estamos a criar algo de novo em termos daquilo que deve ser a relação e a interação entre a autarquia e as novas comunidades”, acredita José Francisco, realçando não só a capacidade financeira destes cidadãos que, ao longo dos anos têm contribuído para animar a pequena economia local, mas acima de tudo o seu nível socio cultural, pois “são pessoas com preocupações ambientais, culturais e espirito de voluntariado bastante arreigado”. “São cidadãos com competências técnicas que urge conhecer e explorar”, garante José Francisco Rolo, empenhado em aproximar os estrangeiros da vida das comunidades locais, disponibilizando para tal aquela que é a principal ferramenta de “entendimento”: o ensino do português.
A ideia, segundo adiantou o presidente da Eptoliva, é ser a escola profissional de Oliveira a proporcionar a estes cidadãos a aprendizagem, ainda que informal da língua portuguesa, à semelhança aliás do que já acontece atualmente na Biblioteca Municipal, em que uma cidadã belga se disponibiliza a “conversar em português” com estrangeiros. “É importante aproxima-los da vida do Município e das freguesias”, até porque “são pessoas com uma enorme sensibilidade cultural e artística que têm necessidade de desafiar o Município para novas ofertas culturais e novos eventos”, constata Rolo, empenhado em aprofundar a imagem de Oliveira do Hospital como “Municipiofrendly” dos estrangeiros e até mesmo de muitos portugueses que, nos últimos tempos, foram forçados a mudar de vida, estando a regressar das grandes cidades para o interior. “Estamos atentos a esta nova realidade”, afirma o vereador, vendo aqui uma oportunidade para o “repovoamento” do concelho, até porque “ há muitos que são filhos de uma primeira geração de estrangeiros que veio na década de 80 e 90, que fizeram cá sua formação e estão hoje inseridos no mercado de trabalho” lembra o vereador.
Mesmo com a crise que assola Portugal, a maioria dos estrangeiros não regressou aos países de origem, tendo vindo para ficar porque se “nota um gosto muito grande de viverem nesta região”, entende José Francisco, que a partir de agora quer estreitar “relações” com a população estrangeira residente no concelho, a maioria belga e holandesa, mas também alguns ingleses e alemães. É o caso da belga, Leni Vermeiren, que veio para Portugal por opção clara de conhecer a obra de Fernando Pessoa “em português”, e hoje ajuda vários compatriotas a “aprender a língua de camões” na Biblioteca de Oliveira. “ Hoje já me sinto portuguesa”, confessa, satisfeita por ver que os estrangeiros vão ser chamados a partir de agora a colaborar mais na vida e nas iniciativas do Município.